Resenha: Deuses Americanos por Neil Gaiman

Wednesday want you for God's Army.

Título: Deuses Americanos
Autor: Neil Gaiman
Editora: Intrínseca
Ano: 2016 (2º Edição)
Páginas: 576
Onde comprar: Amazon | Livraria Cultura | Saraiva | Submarino
Sinopse: "A saga de Deuses americanos é contada ao longo da jornada de Shadow Moon, um ex-presidiário de trinta e poucos anos que acabou de ser libertado e cujo único objetivo é voltar para casa e para a esposa, Laura. Os planos de Shadow se transformam em poeira quando ele descobre que Laura morreu em um acidente de carro. Sem lar, sem emprego e sem rumo, ele conhece Wednesday, um homem de olhar enigmático que está sempre com um sorriso no rosto, embora pareça nunca achar graça de nada."

Nobres bacharéis, aqui é o Juão e hoje vos trago um CLÁÁSSICOOO da literatura fantástica! Sim, vamos navegar sobre as páginas de "Deuses Americanos" do Neil Gaiman.



Recentemente a história narrada em "Deuses Americanos" virou um seriado de televisão veiculado pela emissora STARZ - também conhecida por ter conduzido a sensacional "Spartacus" em meados de 2010. O seriado traz como produtor executivo o próprio Neil Gaiman, logo, podemos concluir que todas as diferenças entre a adaptação das mídias podem ser consideradas legítimas - o que acaba dando um certo grau de dúvida quanto ao que o autor colocou de fato no livro. Anyway, vamos avante!



Acompanhamos a vida de Shadow Moon, um presidiário que após três anos de reclusão, está a cinco dias de ser um homem livre de novo. Porém, a vida é uma caixinha de surpresas e ele acaba descobrindo isso da pior forma quando é notificado que sua esposa Laura Moon morreu em um acidente de carro. Esse fato faz com que Shadow seja liberado mais cedo de sua pena para que possa organizar o velório de sua esposa. Mas essa é apenas uma das muitas surpresas que a vida lhe reserva.


Arte por Bryan Fuller
Desempregado e viúvo, Shadow sente-se perdido em meio a todos esses eventos e eis que surge o misterioso Mr. Wednesday, oferecendo a Shadow oportunidade de encontrar um caminho para seguir a vida em meio a toda essa confusão. É assim que o nosso protagonista embarca em uma jornada que tem como objetivo recrutar deuses. Sim, meus caros, há deuses na terra e eles estão presentes aqui em carne e osso espalhados por todo o mundo.


Nosso querido Mr. Wednesday vive repetindo sobre a formação de uma tempestade que nunca vem e sobre um conflito que nunca chega. A sensação é de que tudo aponta para um único e grande clímax, sem grandes variações de sentimentos e acontecimentos, deixando o livro com gosto de pizza congelada (ok, não foi uma das melhores analogias do mundo).

O que torna mesmo o livro cansativo é uma roadtrip em que quase não há desenvolvimento dos personagens, meio que Wednesday é um sabichão que sabe sempre o que fazer e quando fazer, não se enroscando em encrenca alguma, enquanto Shadow é literalmente uma sombra desse último, um cão de guarda, sem desenvolvimentos pessoais, apenas como um garoto de recados vazio que não entrega recado nenhum a ninguém.

A edição do livro está linda de morrer, a capa é tipo um plástico poroso muito agradável ao toque, com o título e carimbo impressos em um material brilhoso. O livro segue o mesmo estilo de outras edições que a Intrínseca está republicando como "Filhos de Anansi" e "Lugar Nenhum" (brevemente serão feitas as resenhas destes também).

O livro é dividido em quatro Atos, sendo os dois primeiros enormes e demorados, enquanto os outros dois parecem ter sido escritos no ônibus indo pra editora publicar, pois são contados de maneira mais ágil e superficial, quase como se houvesse uma pressa em ligar as pontas soltas o quanto antes.

Arte por Fuel Reaver
Neil Gaiman preferiu trabalhar de maneira bem lenta e rotineira os personagens do livro, de forma que eles ficassem mais palpáveis e menos surreais. Isso não seria problema se ele não tivesse exagerado na dose. Há partes do livro  tão sem graça, sem ação e cansativa que você por um momento pense em desistir ali mesmo, but, você está lendo um livro do autor da HQ "Sandman" e isso muitas vezes te impulsiona em seguir adiante na leitura.

Sabe o que tem nesse livro que ganha o leitor? O conceito. Ah, meus amigos marujos, o conceito do livro é simplesmente genial. Gaiman aborda as várias facetas dos deuses com um talento incrível, de modo que você fica fascinado em descobrir o misterioso passado dos personagens, como eles viveram e sobreviveram até o presente momento.

Tem também o interlúdios. São contos MUITO BEM escritos de outros deuses que não aparecem diretamente na jornada de Shadow, mas contam como alguns deles migraram para a América, influenciavam as ações humanas ao longo da história e eram adorados, contextualizando um background bem sólido sobre as divindades.

Então chegamos ao final do livro e você espera um grande fechamento, um espetáculo pirotécnico e cheio de diálogos esclarecedores, quem sabe até um discurso motivacional de guerra mas não é isso que você tem não. O livro termina de uma maneira bem morna e suave, sem grandes choques e poucas as revelações.

Eu não sei se é porque não consegui pegar as referências da roadtrip, ou porque preciso reler o livro com mais paciência, ou se não tenho cultura suficiente para entender toda a completude da história. No todo, achei um livro bem morno, não leria de novo, mas o conceito salva o livro.

Até a próxima marujos e continuem a navegar!

Religiões são, por definição, metáforas, apesar de tudo: Deus é um sonho, uma esperança, uma mulher, um escritor irônico, um pai, uma cidade, uma casa com muitos quartos, um relojoeiro que deixou seu cronômetro premiado no deserto, alguém que ama você – talvez até, contra todas as evidências, um ente celestial cujo único interesse é assegurar-se que o seu time de futebol, o seu exército, o seu negócio ou o seu casamento floresça, prospere e triunfe sobre qualquer oposição. Religiões são lugares para ficar, olhar e agir, pontos vantajosos a partir dos quais se observa o mundo. Pág. 445

--- Juão Lucas ---

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