Resenha: O Colecionador de Peles por Jeffery Deaver

Se eu já tenho medo de fazer tatuagens, imagina depois de ler esse livro!

Título: O Colecionador de Peles
Série: Lincoln Rhyme #11
Autor: Jeffery Deaver
Editora: Record
Páginas: 490
Ano: 2015
Onde comprar: Saraiva | Submarino
Um novo serial killer espreita pelas ruas de Nova York (EUA) com sua mente doentia e perturbada. Conhecido como O Colecionador de Peles, ele é um tatuador que arrasta as vítimas para o subterrâneo da cidade, onde pode realizar sua arte sem ser interrompido. O problema é que, para criar suas obras-primas, em vez de tinta, ele desenha com venenos letais, causando mortes lentas e dolorosas. Convocados para a investigação, o detetive Lincoln Rhyme e sua parceira Amelia Sachs têm apenas as mensagens criptografadas gravadas na pele das vítimas como ponto de partida. Enquanto tenta descobrir o significado das tatuagens, a dupla segue por um caminho tortuoso em que nada é o que parece ser, e precisa correr contra o tempo para decifrar as pistas que encontram, antes que O Colecionador de Peles faça sua próxima vítima.


Para aqueles que na sabem, eu sou um consumidor voraz de romances policiais! Esses, junto com fantasia, são meus gêneros favoritos da literatura e me empolguei bastante para ler "O Colecionador de Peles" após verificar a sua sinopse.

O livro então inicia com a primeira vítima, seguido de um capítulo sobre o mesmo. Isso mesmo, meu caro leitor, você começa o livro já sabendo quem é o serial killer (em partes, é claro). Partimos então para a equipe de investigações, onde iremos, juntos com eles, montar toda a rota do assassino e tentar, a partir dos dados que nos são apresentados, traçar o perfil psicológico desse assassino, que é tão interessado em marcar a pele alheia.

Eis uma coisa que eu não sabia, e que talvez possa interferir no rumo desta resenha: "O Colecionador de Peles" é continuação de outro romance policial do mesmo autor, chamado "O Colecionador de Ossos". Um romance que eu não havia lido. Ou seja, sim, eu li a continuação de um livro, sem ter lido o primeiro. Aliás, este é o 11º romance em que temos o detetive principal como protagonista.

Acontece que mesmo não sabendo com detalhes do que se tratavam os livros anteriores dessa série, posso afirmar a vocês que o leitor consegue entender bem a obra, de uma maneira geral. Os personagens se referem aos demais livros, obviamente, mas passou-se muitos anos entre um e outro, o que torna a coisa um pouco mais fácil. As histórias de cada livro são fechadas e as referências também se explicam conforme o livro avança, então não houve nenhuma parte em que me senti perdido no livro, mas obviamente, por ser uma continuação, trará alguns spoilers do outro romance.

Na história então, logo após já conhecermos o assassino, Bill Haven, e seu modus operandi, somos apresentados (ou reapresentados, para aqueles que já conheciam alguns deles) à equipe de Lincon Ryhmes. Lincon é um detetive que, devido há acidentes do passado, encontra-se hoje tetraplégico, não conseguindo mexer praticamente nada de seu corpo, do pescoço para baixo. Por isso, ele teve que se aposentar da polícia, tornando-se um consultor da mesma. Isso não impede esse homem de ter seu próprio laboratório forense, com uma equipe que o auxilia nos casos que são entregues a mesmo. Dentro de sua equipe, ele conta com a ajuda de sua namorada, a bela detetive Amélia Sachs. Juntos com os demais membros da equipe terão que descobrir quem é o responsável pelas mortes e quais os seus objetivos com as mesmas.

Começando pelo que eu amei nesse livro: O modus operandi do assassino. Simplesmente amei a ideia de um Serial Killer tatuador e maneira que ele deixava as mensagens nas vítimas. O Serial Killer acaba sendo o personagem mais bem caracterizado de todo o livro (muito provavelmente pelo fato do autor já ter destrinchado todo o perfil dos demais nos 10 livros anteriores) e o leitor fica cada vez mais curioso sobre ele, seu passado e suas motivações.

O livro é bastante dinâmico, o que torna os capítulos, em sua maioria, bem curtos e rápidos de se ler. O embate psicológico entre o assassino e a equipe de investigação é também deveras instigante e força o leitor a ver além das evidências, assim como notar cada detalhe.

Mas a vida não é feita de coisas que nós sempre gostamos, correto?

Chega em determinado ponto da história, que o assassino simplesmente para de usar sua assinatura como assassino, o que é explicado a medida que a conclusão se aproxima, mas que deixa a história com um toque diferente e estranho. E o que falar do plot twist? Nessa hora, a meu ver, o autor jogou pra cima o que tinha feito até o momento e fingiu que não viu. Eu entendo que ele quis dar um peso maior na história, torná-la mais densa, e, de certa forma, criar um vínculo maior com o livro anterior, mas isso, a meu ver, fugiu completamente do que o autor estava propondo. Sem falar que esse twist com cenas dignas das obras de George Martin foi, sendo bastante sutil, bizarro.

Eu também senti o livro um pouco vago no que concerne à caracterização, mas isso provavelmente é culpa da minha falta de conhecimento das demais obras dessa série.

Mas o que não se pode falar é que Jeffery Deaver não sabe concluir uma história. Ele soube unir todas as pontas soltas que criou durante a trama, provavelmente compondo uma peça de suma importância no ambiente macro de sua saga. O fechamento da história foi muito satisfatório e me deixou curioso para ler tanto os livros anteriores quanto os livros que virão.

"O Colecionador de Peles" é uma trama intensa e instigante. Um pena eu não ter aproveitado tanto, muito provavelmente por minha falta de conhecimento sobre os demais livros. Mas é uma leitura proveitosa e que, definitivamente deixa o leitor morrendo de vontade de ir atrás de tudo que já foi escrito pelo autor.


“Sempre se deve dar o melhor na hora de tatuar. Desde uma simples cruz no ombro de uma garçonete até uma bandeira dos Estados Unidos desenhada no peito de um mestre de obras, com múltiplas dobras e três cores, balançando ao sabor do vento, deve-se tatuar com a mesma dedicação com que Michelangelo pintou o teto da capela. Deus e Adão, a pele dos dois dedos se tocando”

--- Marcel Elias ---

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