Resenha Especial: Alice Através do Espelho por Lewis Carroll

Ler Alice é sempre uma experiência que transcende qualque barreira do leitor, pois, antes de qualquer coisa é preciso acreditar na imaginação de uma garotinha que nos leva para grandes aventuras através de seus sonhos e desejos.

Título: Alice Através do Espelho
Série: Alice #2
Autor: Lewis Carroll
Editora: Salamandra
Ano: 2010
Páginas: 228
Numa tarde fria de inverno, enquanto a neve cai silenciosamente lá fora, Alice brinca com a gata Dinah e seus filhotes na sala de casa. Mal sabe ela que está prestes a viver uma aventura formidável. De repente, atravessa o espelho que está sobre a lareira e chega a um mundo onde tudo está ao contrário, de pernas para o ar: _ores falam, peças de xadrez andam e quanto mais você corre, mais você _ca no mesmo lugar. Um mundo em que as coisas “trocam de lado”, da mesma forma que as linhas de um livro, quando você o observa aberto diante de um espelho. Lá, na Casa do Espelho, estão também os personagens favoritos da infância de Alice: os gêmeos Tweedledum e Tweedledee, a Morsa e o Carpinteiro, o Leão e o Unicórnio, o orgulhoso Humpty Dumpty, a implicante Rainha Vermelha.

Em uma tarde de inverno Alice se sente entediada ao não poder fazer nada além de ficar trancada em casa observando sua gata Dinah dar banho em uma de suas filhotinhas enquanto a outra destrói tudo o que vê pela frente. Determinada a por fim na bagunça provocada por Kitty, ela dá uma bronca severa na gatinha ao mesmo tempo em que relata algumas de suas experiências no País das Maravilhas. Ao narrar tudo aquilo, ela só queria poder viver uma aventura nova e diferente, mal sabe ela que por trás do espelho de sua casa há um mundo completamente diferente para ser explorado.


Ao chegar no lugar que fica Através do Espelho, ela se depara com flores que falam, caminhos que só se alcançam se traçados pelo lado oposto e com figuras que ela já conhece há muito tempo. Mas diante de tudo o que está ao alcance de seus olhos há uma coisa que a deixa completamente extasiada: um jogo de xadrez. E esse não é um simples jogo de tabuleiro, na verdade, ele precisa ser percorrido à bordo de um trem com paradas estratégicas onde cada peça está localizada, principalmente para aqueles que querem ascender de posição, como é o caso de Alice que sonha em se torna uma rainha e dá início a uma nova aventura.


Há quem relute em ler Alice pela surrealidade que permeia cada ponto dessa história, entretanto, esse nunca foi um problema para mim, pois por trás de cada jogo de palavras de Lewis Carroll eu sempre enxerguei a inocência que guiava a protagonista em suas loucas aventuras e me mantive conectada a isso. É possível ver em cada página a crença que Alice tem no que ocorre à sua volta, ela se agarra a esse ambiente nonsense muito mais do que a sua própria realidade, já que o que ela mais deseja é viver algo que a tire da rotina e que a faça ir mais além. E é quando eu a observo por esse ângulo que eu percebo que tenho mais afinidade com ela do que eu suporia em um primeiro momento.


O grande ponto de "Alice Através do Espelho" é um enorme jogo de xadrez que a nossa protagonista deseja participar por querer se tornar uma rainha. E por isso, é necessário ter bastante atenção no que ocorre ao longo das páginas para perceber as jogadas que Carroll lança mão, bem como, a movimentação das peças como um todo. Além desse plano de fundo, Alice revisita personagens que ela já conheceu em "Alice no País das Maravilhas", porém, aqui os interesses de cada um são diversos e por mais que o autor traga algumas nuances conhecidas pelos leitores, ele também traz perspectivas novas.


Outra coisa que é possível perceber, é o uso contante de poesias e adivinhações. Não são raros os momentos em que Alice é pega em uma conversa que exige que ela escute uma narrativa que para ela é grande (ou confusa) demais para prender a sua atenção por muito tempo. Em meio a toda essa riqueza, uma coisa é certa, Lewis Carroll, assim como tantos outros autores de clássicos infantis, traz sempre para o seu texto o intuito de passar alguma lição de moralidade ou educação para os seus leitores a partir dos princípios que estavam em voga no período vigente. Todavia, a maneira que ele faz isso é tão sútil que o que sobressalta a todo instante é a genialidade com a qual Carroll elaborou sua história.

[...] Uma vez que você diz alguma coisa, está dita, e você tem de arcar com as consequências. Pág. 196 

--- Isabelle Vitorino ---

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