Resenha: O Pessegueiro por Sarah Addison Allen
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Eu adoro fechar um
livro com a sensação de que fui reconfortada de alguma forma por ele. Infelizmente
são poucas as histórias que me fazem sentir assim, mas se posso afirmar uma
certeza na vida, essa certeza é que os livros de Sarah Addison Allen fazem
parte desse grupo tão pequeno que não só me conforta, como também, me deixa
feliz.
Título: O
Pessegueiro
Autor (a):
Sarah Addison Allen
Editora:
Planeta
Páginas: 248
Ano: 2013
Willa Jackson vem de uma antiga família que ficou arruinada gerações antes. A mansão Blue Ridge Madam, construída pelo bisavô de Willa durante a época área de Walls of Water, e outrora a mais grandiosa casa da cidade, foi durante anos um monumento solitário à infelicidade e ao escândalo. Mas Willa soube há pouco que uma antiga colega de escola – a elegante Paxton Osgood – da abastada família Osgood, restaurou a Blue Ridge Madam e a devolveu à sua antiga glória, tencionando transformá-la numa elegante pousada. Talvez, por fim, o passado possa ser deixado para trás enquanto algo novo e maravilhoso se ergue das suas cinzas. Mas o que se ergue, afinal, é um esqueleto, encontrado sob o solitário pessegueiro da propriedade, que com certeza irá fazer surgir coisas terríveis. Pois os ossos, pertencentes ao carismático vendedor ambulante Tucker Devlin, que exerceu os seus encantos sombrios em Walls of Water setenta e cinco anos antes, não são tudo o que está escondido longe da vista e do coração. Surgem igualmente segredos há muito guardados, aparentemente anunciados por uma súbita onda de estranhos acontecimentos em toda a cidade.
Willa não se
considerava uma pessoa amarga nem mal resolvida na vida. Depois de aprontar
tudo o que podia durante a sua juventude, agora ela estava satisfeita com a sua
decisão de cuidar de sua avó e manter a vida que imaginava que seu pai tanto
quisesse para ela. Ela não tinha como ter certeza de que estava seguindo o rumo
certo porque seu pai morreu tragicamente em um acidente e sua avó estava em um
estado de saúde que a distanciava cada vez mais da lucidez. Mas ela tinha que
confiar que era isso que ambos queriam, porém todas essas certezas são postas à
prova quando Colin Osgood volta para cidade e a faz relembrar da garota rebelde
que ela foi. Ela não queria lembrar daquela época, mas quando estava com Colin
ela sentia uma necessidade crescente de provar mais uma vez o sabor da insensatez.
Por outro lado,
Paxton Osgood tinha tudo que alguém queria poder ter na vida, mas não se
considerava feliz. Havia sempre nela um sentimento pesado de infelicidade que
ameaçava paralisá-la se ela se permitisse pensar por tempo demais em tudo o que
desejou e não conquistou. Ela até poderia culpar a sua mãe por algumas dessas
coisas, mas não por tudo, já que ela sempre foi a que acatou ordens e jamais
fez algo que contrariasse o que a sua mãe lhe ordenava. No entanto, após a
volta de Sebastian a Walls of Water, ela vê nele uma maneira de talvez
conquistar alguns dos seus desejos mais profundos. Mas quando ele se revela
alguém sensível e com questões profundas a serem refletidas, ela teme estar
mais uma vez diante de algo que ficará apenas em seus pensamentos.
Existe algo
realmente extraordinária na maneira como Sarah Adisson Allen consegue
transportar os seus leitores para as suas histórias. Há tantos sons, cheiros,
sabores, mistérios e superstições, que somos levados a acreditar que talvez se abríssemos
bem as mãos e as estendêssemos quando uma porta se abre e não há ninguém lá,
toda a sorte do mundo acharia um porto seguro. Mas não é só isso, todo amor e
amizade que ela traz para as suas páginas também é algo muito bonito de se ver,
em “O Pessegueiro”, mais do que em qualquer outro livro da autora, podemos ver
o quanto a amizade sempre traz bons frutos. Principalmente se elas forem fortes
o suficiente para atravessar décadas e nos ajudar a superar os infortúnios da
vida.
Sinceramente não sei
como vou sobreviver sem ter livros novos de Allen para ler. A verdade é que
sempre que leio uma história sua, tenho a sensação que estou voltando ao meu
lar. É tão reconfortante ver dúvidas e anseios meus refletidos em suas personagens,
que ao final de cada livro seu, sorrio de gratidão pelo encantamento que ela
sempre lança sobre mim. Sim, suas histórias são mágicas! Nesse livro, por
exemplo, além de abordar as consequências das decisões que tomamos, a autora
também dá aquele toque mágico tão próprio dos seus livros ao se fazer valer de
uma narrativa poética para nos introduz a um mistério envolvendo um antigo
clube feminino, uma mansão antiga, um pessegueiro e um homem morto.
A princípio esses
elementos parecem não fazer sentido algum juntos, mas através da maestria de
Sarah Addison Allen ao desenvolver seu enredo, durante a leitura tudo parece
tão coeso que é como se um fio de magia os entrelaçasse através das páginas. Essa
ideia se fortalece por o livro ser narrado em terceira pessoa e ela utilizar a
liberdade que tem para nos mostrar detalhes variados, sob pontos de vista
diferentes. Entretanto, confesso que os meus narradores favoritos estão no
grupo feminino, já que me vi muitas vezes no medo de Paxton de se desprender
das amarras que a prendiam ao que as pessoas esperavam dela para realmente
fazer o que queria, bem como, na maneira quase dolorosa que Willa tinha de
levar a sua vida por não querer decepcionar mais ninguém por ter feito
exatamente tudo o que queria fazer.
Acredito que por
isso fiquei tão maravilhada com a amizade delas. Tanto que vibrei a cada
conquista, a cada conselho e a cada passo que elas davam para reafirmar as suas
identidades e se permitirem ser felizes. Talvez por causa desse aspecto tão
agradável que eu não senti falta de um maior aprofundamento do mistério acerca
do pessegueiro e do grande canalha que era o homem morto. Porém, foi bom a autora
ter mostrado ao menos um pouco desse ponto, já que isso me permitiu conhecer um
lado da vovó Nana que até então eu não pude ver e da vovó Georgie também. Ao final,
eu estava tão rendida a essas duas senhorinhas que pude sentir o quanto uma
amizade verdadeira faz toda a diferença em nossas vidas.
Em poucas palavras,
posso dizer que “O Pessegueiro” é o livro perfeito para todos os leitores que
às vezes sentem a necessidade de estar perto o suficiente de algo mágico para
dar um pouco mais de cor aos seus dias, mas que mais do que qualquer coisa
procuram pela tranquilidade de uma cidade sulista e pelas fortes emoções e
sentimentos que abrigamos dentro de nós mesmo quando queremos esconder isso do
mundo todo. Sem dúvidas, mais um livro que vai entrar não só para a lista dos
favoritos, como também, para a de releituras.
Quando você fica sabendo o segredo de alguém, seus próprios segredos já não estão mais seguros. Ao desencavar um, todos vêm à tona. Pág. 30
--- Isabelle Vitorino ---
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