Resenha: A Hora do Lobisomem por Stephen King

Como vocês já puderam notar, nós temos um fraco por Stephen King. Então preparem o coração, pois ainda teremos muitas resenhas a fim de desbravar a obra do Mestre!

Título: A Hora do Lobisomem
Autor: Stephen King
Ilustrador: Bernie Wrightson
Editora: Suma de Letras
Ano: 2017
Páginas: 152
Onde comprar: Amazon | Saraiva | Submarino
O primeiro grito veio de um trabalhador da ferrovia isolado pela neve, enquanto as presas do monstro dilaceravam sua garganta. No mês seguinte, um grito de êxtase e agonia vem de uma mulher atacada no próprio quarto. Agora, a cada vez que a lua cheia brilha sobre a cidade de Tarker's Mill, surgem novas cenas de terror inimaginável. Quem será o próximo? Quando a lua cresce no céu, um terror paralisante toma os moradores da cidade. Uivos quase humanos ecoam no vento. E por todo lado as pegadas de um monstro cuja fome nunca é saciada. Um clássico de Stephen King, com as ilustrações originais de Bernie Wrightson.

Era janeiro e um trabalhador da ferrovia nem sequer podia acreditar naquilo que dilacerava seu corpo ferozmente. Sim, o inverno estava apenas no início quando a pilha de corpos começou a ser formada, mas nem mesmo as constantes mortes violentas no entorno na cidade eram capazes de fazer aquelas pessoas de mente fechada acreditarem que algo monstruoso estava à espreita quando a lua cheia finalmente alcançava os céus. Mas quando a criatura ataca uma criança com necessidades pessoais que sobrevive graças a bombinhas do dia 07 de julho, ninguém mais pode negar a dura verdade dos fatos: há um lobisomem à solta em Tarker's Mill e ele não vai parar de matar antes que o último corpo caía sobre os seus pés.

Eu sou uma grande entusiasta dos livros do Stephen King e tenho mais livros seus na minha prateleira do que de qualquer outro autor que um dia já li. Algumas histórias me fizeram perder a cabeça, como "Novembro de 63", outras não me empolgaram tanto como "Sob a Redoma", mas também houve aquelas que eu simplesmente terminei sem saber o que pensar a respeito, como "A Hora do Lobisomem". De antemão aviso que não tem nada errado com o enredo do livro, mas sim com a maneira em que o autor desenvolve tudo o que propõe. Explico, a obra está dividida em doze capítulos referente a cada mês do ano, nessas subdivisões, o autor se atém ao ciclo lunar da lua cheia para desenvolver espécies de contos onde o medo e a tensão dão um ar do bom e velho horror trash. E é justamente nesse ponto em que eu fico em dúvida com relação ao livro.

Isso, porque, estruturado como um livro de contos fix up (aquele que se lido sequencialmente forma um romance) aos poucos é que o leitor percebe que na verdade não se tratam de histórias curtas com personagens que se conectam apenas no final da obra, mas sim de uma novela que por sua estrutura essencial, e é claro, os saltos no tempo, não permite que o autor aprofunde nenhum personagem da maneira que os leitores já estão acostumados. Confesso que demorei a me acostumar, mas logo que consegui vencer a estranheza inicial, fui me acostumando com a narrativa-calendário do King e passando de um mês pra outro com uma ansiedade voraz. Eu queria entender os ataques, descobrir quem era o lobisomem e o porquê de um homem ter se transformado em uma critura que habita tão somente o imaginário popular. De pronto já digo que essas respostas vieram em um momento e mesmo que no fundo eu ainda quisesse saber um pouco mais, no final elas se mostraram suficientes para eu me render a proposta do autor.

Sobre os personagens posso mencionar alguns que merecem destaque como, por exemplo, Stella Randolph e a sua necessidade de amor, Marty Coslaw com o seu desejo por provar o seu valor, ou ainda, o reverendo Lowe com a sua incapacidade de reconhecer em si mesmo aquilo que ele reprovava nos outros. A verdade é que todos eles possuem seu momento de destaque em "A Hora de Lobisomem" - mesmo diante da velocidade em que os fatos são narrados - e, por isso, tornaram-se memoráveis durante a minha leitura. Outro ponto que vale ressaltar é a descrição dos ataques. Diferente de muitos livros que se encontram no mercado na atualidade, nós temos nessa obra uma verdadeira criatura fantástica que tem sede de vigança e que não mede esforços para fazer vítimas. Não há delicadeza na dilaceração dos corpos, o que há apenas é a pulsação de um instino animal visceral que ultrapassa as páginas e faz com que o leitor termine a leitura boquiaberto com a capacidade do autor em tornar um enredo simples em algo único. E é por tudo isso que mesmo com as minhas inseguranças e temores iniciais, reconheço que mais uma vez Stephen King me fez refém de suas palavras. Em uma palavras? Recomendadíssimo!

Comentários acerca da edição:

Meus caros, se tem uma coisa que a Suma de Letras está fazendo com maestria é o conceito editorial das publicações da "Biblioteca Stephen King". Para quem não conhece a ideia, farei uma breve apresentação... Pois bem, esse projeto de publicação dos livros do mestre tem como base o desejo de trazer de voltar ao mercado aquelas obras do autor consideradas verdadeiras raridades. "A Hora do Lobisomem" foi o segundo título dessa coleção que conta com a companhia de "Cujo" e "O Iluminado", mas que em breve também terá "A Incendiária" no portifólio. Mas por que vale a pena ter esse livro em especial? Com capa dura e uma diagramação arrasadora, o Lobisomem estará na sua prateleira em uma edição repleta de ilustrações de Bernie Wrightson - o que torna tudo mais palpável - e como isso não bastasse, há uma surpresa adorável no final deste livro que por si só já justifica essa aquisição. Preciso dizer que quero todos na minha estante? Acho que não...

Uma criatura chegou a Tarker's Mills, tão sorrateira quanto a lua cheia presidindo o céu noturno. É o Lobisomem, e não há mais motivo para o surgimento dele do que haveria para a chegada de um câncer ou de um psicótico com intenções assassinas ou de um tornado devastador. A hora dele é agora, o lugar dele é aqui, nesta pequena cidade do Maine, onde jantares de caridade na igreja são um evento semanal, onde garotinhos e garotinhas ainda levam maçãs para as professoras, onde as Excursões na Natureza do Clube dos Cidadãos Idosos são religiosamente relatados no jornal semanal. Semana que vem, haverá notícias de natreza mais sombria. Pág. 17

--- Isabelle Vitorino ---

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