Resenha: O Anel dos Nibelungos por A.S. Franchini e Carmen Seganfredo

Acomodem-se bem, peguem seua chifres e sirvam-se de hidromel que hoje trago mais algumas histórias nórdicas para esse início de inverno.

Título: O Anel dos Nibelungos
Autores: A. S. Franchini e Carmen Seganfredo
Editora: Artes e Ofícios
Ano: 2006
Páginas: 188
Onde comprar: Submarino | Estante Virtual
'O Anel dos Nibelungos' é sua obra mais expressiva e também a mais fascinante. A tetralogia operística mostra a gênese da humanidade e a decadência dos deuses através da saga de um poderoso e amaldiçoado anel que incita a ambição de anões, gigantes e até mesmo das divindades.

Faaaala, seus lindos! Aqui é o Juão e inspirado pela última resenha que fiz sobre Mitologia Nórdica do Neil Gaiman, hoje vos trago um pouco mais dos ídolos escandinavos. Esse livro tem um gosto especial para mim, pois foi o primeiro livro de fantasia/mitologia que li e desde então sou um apaixonado por deuses, heróis e grandes histórias.

A obra nada mais é que uma versão romanceada da ópera épica de Richard Wagner, igualmente dividido em quatro atos. Ao contrário do Mitologia Nórdica de Gaiman que traz toda a origem dos deuses e seu universo, aqui o personagem principal é O Anel dos Nibelungos. Todos os eventos descritos no livro, tem como combustível o Anel, suas influências sobre deuses e mortais e tudo o que ele representa. Verás que as histórias contadas nesse livro, serviram de bases para outras obras disseminadas na nossa cultura, como Branca de Neve, Senhor dos Aneis, Rei Arthur, etc.

É uma história antiga onde tudo começa com o Ouro do Reno e as ninfas, suas guardiãs. Quando um nibelungo, algo próximo a um anão, chamado Alberich renega o amor para apossar-se do Ouro guardado no fundo do Rio Reno, pois reza a profecia que aquele que forjar um anel com o Ouro do Reno, poderá vir a ser o senhor do universo.

Nesse mundo os deuses também devem honrar seus acordos. O que nesse momento era entregar a juventude e imortalidade, a deusa Freya (irmã de Fricka, esposa de Wotan), para os gigantes Farsolt e Fafnir por construírem o Valhalla, a morada dos deuses. Para reaver Freya e a juventude dos deuses, Wotan pede a Loki para encontrar algo de maior valor e ele encontra o tesouro de Alberich, que no exato momento autodenominava-se como Alberich I e Único, após acumular grandes quantias de ouro em posse do Anel. Após ser enganado por Loki e perder toda sua riqueza para os deuses, o Anel entra em contato pela primeira vez com Wotan que é obrigado a dá-lo como objeto de barganha para os gigantes em troca da juventude. Fafnir mata Fasolt fronte ao deuses pela posse do anel, provando sua influência maligna sobre todos.

Logo, o Anel passa a ser objeto de cobiça entre deuses e mortais, colocando em curso engrenagens que irão levar ao Ragnarök, onde haverá uma batalha derradeira e a árvore Yggdrasil, o freixo que sustenta os nove mundos, irá ter suas raízes incendiadas, pondo fim ao mundo como é conhecido.

Caso não tenha notado, perceba que Tio Tolkien foi influenciado diretamente por essa mitologia ao criar o épico Senhor dos Anéis.

Em meio a esses episódios, somos apresentados a Sigmund e Sieglind. Ambos filhos de Wotan que, por eventos desencadeados pelo próprio pai, acabam se apaixonando e gerando aquele que será o destinado a matar Fafnir e reaver o Anel. Siegfried é seu nome e graças à desobediência de Brunhilde, valquíria e filha de Wotan, é em seus ombros que o destino dos deuses repousa.

Brunhilde, que castigada pela desobediência ao seu pai, perdeu seu status divino de valquíria e sua imortalidade. Fadada a entrar em um sono profundo até que aquele que seja livre de qualquer medo, seja digno de passar pelo círculo de fogo de Wotan e venha lhe desposar. (isso te lembra de alguma coisa?)

Mas lembre-se, não estamos falando do panteão grego nem contos da Disney. Aqui o fim é eminente e não existe finais felizes.

Apesar dessa visão fatalista, durante todo o livro podemos traçar paralelos através das histórias contadas. Saberás então o que a obsessão pode fazer com o homem, ou sobre como ser arrogante te torna vulnerável. Também aprenderás nessas páginas sobre hombridade e altivez, basta ler com as lentes corretas. (;

Enfim, aqui a escrita é ágil e direta. Não há floreios ou longas descrições, tornando a leitura bem rápida mas te deixando na vontade sobre conhecer mais do universo. Eu pensei que a obra era muito boa porque era o primeiro livro que li e não tinha com o quê comparar, mas relendo ele hoje, vejo que não estava enganado não. Tive muita sorte de ter esse épico como início de carreira literária.

Recomendo muitíssimo para quem já gosta da mitologia, para aquelas que desejam conhecer essas lendas nórdicas e para todo fã de uma boa história. Espero ver todos antes que o Ragnarok chegue. Enjoy it!

P.S.: Vale lembrar também que há um filme de gosto duvidoso que conta bem marromeno como uma adaptação do livro. Ele chegou em terras brasileiras como A Maldição do Anel e vale a pena assistir a título de curiosidade e por Kristanna Loken como Brunhilde.

P.S.2.: É um livro esgotadíssimo e até o fechamento desta resenha só consegui encontrar na Submarino e na Estante Virtual. Sorry, guys.

Ilustrações por Arthur Rackham.

Doravante, somente aquele que enfrentar a ponta de minha lança estará apto a cruzar este círculo espesso de chamas e a desposar a bela e mortal Brunhilde! - Pág. 82

--- Juão Lucas ---

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