Resenha: Gandhi, uma Biografia em Mangá por Kazuki Ebine



Com uma forma inusitada de biografar, Kazuki Ebine nos conta a história de Mohandas Karamchand Gandhi, grande defensor do Satyagraha como um meio de revolução.

Título: Gandhi, uma Biografia em Mangá
Autor: Kazuki Ebine
Editora: Tambor Quadrinhos / Case Editorial
Ano: 2015
Páginas: 196
Onde comprar: Amazon | Saraiva
Através de sua poderosa liderança silenciosa e influente uso da resistência não violenta na luta da Índia contra o Raj britânico, Mahatma Gandhi se tornou uma das mais reverenciadas figuras da era moderna. Enquanto historiadores registravam as palavras e as ações do mito Gandhi, o ser humano era eclipsado por máximas de virtuosismo que têm ressonância em nossas vidas até hoje. Em Gandhi – Uma biografia em mangá, o premiado artista Kazuki Ebine combina uma narrativa emocionante com ilustrações impressionantes para recriar a vida de um homem que, assim como todos nós, lutava com dúvidas e insucessos, mas manteve a fé de uma vida melhor. A história inspiradora e profundamente humana de Gandhi chega agora para toda uma nova geração de leitores.

Os fracos jamais podem perdoar. O perdão é um atributo dos fortes.




E essa é a frase de abertura dessa biografia. Assim como a maioria das pessoas, antes dessa leitura conhecia apenas o "mito" Gandhi, mas nunca tinha de fato lido sobre a sua história. Além do formato diferente, um mangá, ao invés dos tradicionais romances biográficos, a narrativa de Kazuki Ebine também trouxe (para mim) algo novo - quem era Gandhi antes da fama mundial.

Nas primeiras páginas somos apresentados a um Mohandas Gandhi criança, com sua família na Índia. E como todo indiano ele também tem seu destino traçado desde a infância - casamento arranjado e profissão escolhida. Ele se casou aos 13 anos com Kasturba, que o acompanhou durante toda a sua vida e foi a mãe de seus quatro filhos: Harilal, Manilal, Ramdas e Devdas.

Aos 18 anos, com autorização de sua mãe, mas desafiando os preceitos de sua casta (que proibia viagens ao exterior), Gandhi foi para Londres estudar Direito. Retornou à Índia como advogado em 1891, com 22 anos. Sua mãe havia falecido.

Gandhi inicia sua carreira de advogado em Bombaim, mas, por incrível que pareça, abandona uma audiência por dificuldades para falar em público! É quando surge uma proposta de trabalho na África do Sul. Lá, Gandhi se depara com a discriminação sofrida pelos indianos no país, e sente na pele o efeito desse preconceito.

As injustiças para com os indianos na África despertou a consciência social de Gandhi. Depois da vitória de um caso em Pretória, ele mobilizou indianos contra uma lei que proibiria o direito de voto dos mesmos no país. E então começa a parte mais difundida da vida de Mohandas, sua atuação como líder político e espiritual.

Ao retornar à Índia, Gandhi é instigado a observar a miséria e o sofrimento de seu povo - e fazer algo para modificar essa realidade. Ele então começa a fomentar os ideais de igualdade e liberdade entre as castas, uma revolução sem armas, através da desobediência civil em massa como forma de pressão para mudanças políticas e governamentais. Milhares aderiram ao movimento Satyagraha, que prega a não violência. Até seu assassinato em 30 de janeiro de 1948, Gandhi conseguiu muitas vitórias na luta pela independência da Índia e na pacificação entre mulçumanos e hindus. 

Nesse mangá, Kazuki Ebine nos mostra Mahatma Gandhi de uma forma muito pessoal e humana, conhecemos seus dramas pessoais, suas dúvidas e falhas, e acompanhamos o desenvolvimento do seu lado espiritual e do seu engajamento político. Confesso não ter morrido de amores pelo traço do Ebine, mas no conjunto, a obra oferece uma boa leitura e cumpre o que se propõe - biografar Gandhi no formato mangá. 

Talvez ele não seja bem-sucedido. Talvez ele falhe, como Buda falhou e como Cristo falhou, em seu propósito de destituir os homens de suas iniquidades. Mas ele será lembrado sempre como aquele que fez de sua vida uma lição para todas as eras vindouras. - Rabindranauth Tagore


E esse foi o título que escolhi para a categoria Mangá no Desafio Literário de 2017. E você?


--- Mariane Brandão ---

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