Resenha: Harry Potter e a Criança Amaldiçoada por J.K. Rowling

Depois de anos revisitando o mundo mágico de Harry Potter, eis que tenho a chance de mergulhar em uma novíssima história com personagens que tanto amo. O que tenho para dizer sobre isso? Vocês conferem na resenha de hoje. 

Título: Harry Potter e a Criança Amaldiçoada
Série: Harry Potter #8
Autores: J.K. Rowling, John Tiffany e Jack Thorne
Editora: Rocco
Ano: 2016
Páginas: 352
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Sempre foi difícil ser Harry Potter e não é mais fácil agora que ele é um sobrecarregado funcionário do Ministério da Magia, marido e pai de três crianças em idade escolar. Enquanto Harry lida com um passado que se recusa a ficar para trás, seu filho mais novo, Alvo, deve lutar com o peso de um legado de família que ele nunca quis. À medida que passado e presente se fundem de forma ameaçadora, ambos, pai e filho, aprendem uma incômoda verdade: às vezes as trevas vêm de lugares inesperados.


Alvo Severo Snape é o oposto de tudo o que se podia esperar de um filho de Harry Potter. Com um profundo ódio de Hogwarts, ainda mais pela casa a qual passou a pertencer quando o Chapéu Seletor fez a sua escolha, ele tem na figura de Escórpio Malfoy um amigo improvável, porém leal. Ao contrário do que se possa imaginar, ele não é um bruxo muito talentoso e nem faz sucesso na escola, pelo contrário, ele é constantemente alvo de piadas e não consegue se relacionar com mais ninguém além do filho de Draco. E como se já não fosse difícil ter que lidar com tudo isso, a sua relação com o seu pai é a pior possível. Ele não entende como alguém com tanta fama possa ser hostil e grosseiro com o seu próprio filho. Determinado a provar o seu valor, ele embarca em uma aventura junto com Escórpio que pode mudar para sempre as suas vidas.

O que dizer desse livro? Bom, inicialmente acho importante destacar que a minha ansiedade era tremenda para conhecer a história do filho do Menino-Que-Sobreviveu. Ainda mais por ele carregar o nome de duas figuras centrais para a trama que conhecemos na série Harry Potter e que apesar de todas as teorias, são personagens que amo até hoje. Logo nas primeiras páginas percebi que ele era uma mistura de muitas pessoas que a Rowling tinha retratado. Ele era impetuoso, leal, rebelde e um tanto quanto carente. Não foi fácil lidar com essa mistura. Também não foram raras as vezes que eu pensei estar acompanhado o Harry e não o filho dele - o que me deixava não só confusa, como também, desgostosa. Mas quando finalmente peguei o jeito da narrativa, outro problema se abateu sobre mim: os personagens falavam coisas que não soavam como eu lembrava.

Vou abrir um parentêses rápido apenas para dizer que isso aconteceu comigo quando li "Vá, Coloque Um Vigia" da Harper Lee, pois apesar do livro se passar no mesmo cenário e ter praticamente os mesmos personagens, "O Sol É Para Todos" foi infinitamente melhor. Dito isso, acho que já é possível perceber que a minha experiência com o livro não foi das melhores, não é mesmo? Eu sei que a estrutura de um texto para o teatro é distinta de um romance, porém, essa ausência de essência em personagens que tanto amo foi algo que realmente mexeu comigo. Tem uma cena belíssima no livro protagonizada por Harry e Dumbledore, mas que simplesmente não me convenceu. A verdade é que durante todo o tempo pensei estar lendo uma fanfic, que apesar de bem escrita, não conseguia transmitir a totalidade da personalidade dos personagens que retratava.

A decepção se tornou ainda maior quando recortes dos outros livros foram inseridos nesse. Entendo a proposta, mas me custa acreditar que essa tenha sido a única solução encontrada para trabalhar o plote escolhido. Acerca da trama posso dizer que apesar de não ter sido absolutamente magistral, conseguiu me divertir bastante. Li alguns comentários que ressaltavam algum descontentamento pela escolha da Rowling, porém, mesmo sendo algo não tão criativo, achei crível o suficiente para encarar a leitura até o fim. Uma ressalva que devo fazer a quem não leu o livro é que por ser um roteiro teatral os diálogos são curtos e não há longas descrições de cenários e dos sentimentos dos personagens. Isso faz uma falta danada para quem está acostumado com a profusão de acontecimentos que os demais livros da autora proporciona, mas é algo possível de se aceitar no decorrer da leitura. 

Antes de encerrar essa resenha, acho válido fazer um comentário a respeito da amizade entre Escórpio e Alvo. Diferente daquela camaradagem típica de amigos, senti nas entrelinhas um algo mais... Tenho certeza que seria plenamente possível um desenvolvimento que fugisse a obviedade e adentrasse o caminho que a autora não deixou explícito entre Dumbledore e Grindewald. Acho que gostaria até mais da trama se isso tivesse sido trabalhado pois me daria algo novo para me ater em meio as diversas repetições de trechos de "Harry Potter e o Cálice de Fogo". Sobre esses dois protagonistas, posso dizer ainda que gosto infinitamente mais de Escórpio Malfoy que do Alvo, pois além dele ser muito mais divertido, me pareceu mais uma mistura fofa de Hermione e Rony que uma cria própria do Draco. Em suma, termino esse texto afirmando que mesmo sem funcionar para mim, a leitura de "Harry Potter e a Criança Amaldiçoada" teve um quê de nostalgia que fez com que as horas passassem de maneira muito rápida. Então se você tem curiosidade de ler, leia! Só não coloque muita expectativa na história.

Harry, nunca existe uma resposta perfeita neste mundo confuso e perturbado. A perfeição está fora do alcance da humanidade, fora do alcance da magia. Em cada momento luminoso de felicidade há esta gota de veneno: o conhecimento de que a dor voltará. Seja sincero com aqueles que ama, mostre sua dor. Sofrer é tão humano quanto respirar. Pág. 275

--- Isabelle Vitorino ---

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