Resenha: A Escolha por Kiera Cass

Depois de ter sofrido uma dura decepção com America no segundo livro da série, eis que me deparo com o gran finale preparado por Kiera Cass. E olha, que livro, hein?

Título: A Escolha
Série: A Seleção #3
Autor (a): Kiera Cass
Editora: Seguinte
Páginas: 352
Ano: 2014
Onde comprar: Amazon | Saraiva | Submarino
Quando foi sorteada para participar da Seleção, America não imaginava que chegaria tão perto da coroa - nem do coração do príncipe Maxon. Com o fim do concurso cada vez mais próximo, e as ameaças rebeldes ao palácio ainda mais devastadoras, ela se dá conta de tudo o que está em risco e do quanto precisará lutar para alcançar o futuro que deseja. America já fez sua escolha, mas ainda há muitas outras em jogo... Aspen, seu antigo namorado, terá de encarar um futuro longe dela. E Maxon precisa ter certeza dos sentimentos da garota antes de tomar a grande decisão, ou acabará escolhendo outra concorrente.

A disputa está cada vez mais acirrada e America precisa tomar uma decisão: lutaria por Maxon ou optaria por Aspen? Para ela essa não era uma tarefa fácil, pois pensar o seu futuro com esses dois homens que cativaram o seu coração implicava em uma escolha que não sabia se estava pronta para fazer. Um era o seu passado, alguém que representou muito para ela e que sempre estaria em sua mente. O outro se tornou o seu presente e foi o grande responsável por sua transformação. E mesmo que tivesse indicações do que queria, nunca poderia abrir mão de um sem sofrer. Sua indecisão se mostra tão latente que Maxon não pode arriscar seu futuro por ela, não sem antes ter certeza dos sentimentos que ela nutre por ele. E quando o futuro de Iléa está em jogo e o príncipe precisa tomar uma decisão, o futuro que ele imaginou com America pode se perder para sempre.

Um dos principais pontos que busco entender em uma história com cenário distópico, é os problemas políticos que tornaram aquele lugar como é. Na série “A Seleção” vemos um reino que foi de uma República a uma Monarquia através de um belo golpe de estado orquestrado meticulosamente e escondido pelos poderosos a sete chaves haja vista que documentos da época nunca vieram a público e por isso o povo nunca soube o que de fato aconteceu. No decorrer da história percebemos que essa ocultação é uma das grandes motivações para que o grupo de rebeldes denominado “nortistas” façam constantes ataques ao castelo onde vive a família real.

Quando America começa a narrar os acontecimentos de sua vida nós sabemos tanto quanto ela, ou seja, quase nada. Mas a medida que o enredo avança fazemos essas descobertas que mencionei e muitas outras. Apesar de em “A Elite” o foco maior ser nos problemas afetivos da personagem, ainda assim foi possível conhecer alguns detalhes a mais desse lugar. Como um bom país cuja transparência existe apenas em termos, vemos a manipulação da impressa pelos governantes e por aqueles que detém o poder para influenciar a população para pensar e agir da maneira como é necessária para que quem está no topo, permaneça lá.

Um bom exemplo disso é a amenização dos ataques rebeldes a família real e as críticas massivas a America, simplesmente por ela não corresponder aquilo que se espera de uma boa rainha. Sim, meus caros, aos poucos descobrimos que ela não passa de uma mera figurante e que está ali apenas por desejo do Maxon. Essa verdade fala tanto sobre o seu futuro que o que vemos é uma verdadeira batalha entre a America e figuras muito importantes da história que podem comprometer a sua posição na Seleção com uma simples palavra. E porque é importante ter tudo isso em mente? Para que os críticos de literatura juvenil possam entender que é possível sim extrair mais coisas desse tipo de livro do que se analisados apenas no fervor de um preconceito infudado.

Dito isso, trago agora à discussão os acontecimentos de “A Escolha”. Após ter uma dura decepção com o livro anterior, continuei firme e forte na busca por entender o que a autora pensava como desfecho para essa história. America continua às voltas com a sua indecisão, porém, é notório que mais do que tudo ela está se deixando guiar pelo medo do futuro. Afinal, se ela escolhesse lutar pelo amor de Maxon e no final acabasse em segundo lugar tendo que assistir ele com a Kriss enquanto não restaria nada nem ninguém para ela? Em um primeiro momento podemos julgar esse pensamento dela como mau caratismo, mas tudo se resume no receio daquilo que é novo.

E a insegurança não só faz parte dela, pelo contrário, o Maxon continua insuportavelmente dependente de palavras de incentivo por parte da America para avançar ou não no relacionamento com ela. Ele tem tanto medo de ficar só que apesar de ter certeza de com quem está o seu amor, ele seria capaz de abrir mão disso para não arriscar viver em uma solidão a dois. Confesso que ver todo esse problema entre os dois me deixou um pouco cansada, porque estava tão na cara que quanto mais eles postergassem uma decisão, mais fácil seria de tudo ser destruído que não foi surpresa alguma as coisas acontecerem da maneira que pudemos ver. Aliás, apesar de toda a emoção que sentimos por causa dos personagens, achei o livro bastante previsível com relação aos seus desdobramentos.

Não tive nenhuma surpresa que tornasse o livro marcante em minha vida e por isso mesmo tendo gostado da série, sinto que ela não deixará marcas tão profundas em mim. Entretanto, encarei como missão de vida ler todos os livros da série, por isso darei uma chance aos que são narrados pela filha da America, no entanto, já os deixo sob aviso de que meu julgamento será muito mais duro porque o que li até agora me faz ter a certeza de que foi nessa primeira parte de seu trabalho que a Kiera Cass entregou o melhor que tinha para o enredo de “A Seleção”. Em suma, mesmo como altos e baixos posso dizer com confiança de que essa é uma série com bastante conteúdo a ser refletido. Para os que gostam de algo leve, há o romance e para quem ama pensar além, há importantes jogadas políticas que faz o leitor traçar um paralelo com a realidade em que vivemos.

Você não é o mundo, mas é tudo o que torna o mundo bom. Sem você minha vida ainda existiria, mas só.

--- Isabelle Vitorino ---

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