Resenha Especial: Hamlet por William Shakespeare

Shakespeare é um autor que dispensa apresentações. Todos nós conhecemos pelo menos uma das peças desse ícone, quando não usamos diversos ditados baseados em falas das mesmas. Convido a todos a se unirem a mim nessa que se tornou uma das leituras mais filosóficas e profundas desse ano!

Título: Hamlet
Autor: William Shakespeare
Editora: Penguin
Ano: 2015
Páginas: 352
Onde comprar: Submarino | Saraiva | Amazon
Um jovem príncipe se reúne com o fantasma de seu pai, que alega que seu próprio irmão, agora casado com sua viúva, o assassinou. O príncipe cria um plano para testar a veracidade de tal acusação, forjando uma brutal loucura para traçar sua vingança. Mas sua aparente insanidade logo começa a causar estragos, para culpados e inocentes. Esta é a sinopse da tragédia de Shakespeare, agora em nova e fluente tradução de Lawrence Flores Pereira. Mas a trama inventada pelo dramaturgo inglês vai muito além disso: Hamlet é um dos momentos mais altos da criação artística mundial, um retrato, eletrizante e sempre contemporâneo, da vida emocional de um homo sapiens adulto.


Na Dinamarca, um grupo de soldado estão fazendo suas função de vigilância noturna, quando são interrompidos por uma aparição fantasmagórica. Trata-se do antigo rei, falecido a pouco mais de um mês, que surge em sua armadura de combate, mas nada fala. Aturdidos, os soldados partem em busca daquele que pode ser o único com quem a entidade real poderia estar disposto a conversar: seu filho, o príncipe Hamlet.

Na corte, o atual Rei Cláudio desposou-se com a viúva de seu antecessor, a Rainha Gertrudes. Estaria tudo bem, se na verdade Claudio não fosse irmão do antigo Rei e tal união, na época em que a história se passa, é considerada incestuosa. Logo na primeira aparição, vemos o clima tenso que estar por tomar a morada real, pois o príncipe Hamlet ainda está deveras lastimoso pela morte de seu pai, tornando-se um jovem taciturno e melancólico, e não se sente nada confortável com a atual situação de sua mãe, que casou-se novamente em tão pouco tempo de luto.

Após encontrarem o depressivo príncipe, os guardas Marcelo e Horácio relatam o ocorrido da suposta aparição do falecido rei, Hamlet dirige-se ao local onde, à noite, presencia o espectro de seu pai. o antigo Rei então revela ao jovem, reservadamente, o objetivo de sua aparição: Ele alerta ao seu filho que sua morte foi, na verdade, planejada pelo seu irmão, o atual Rei Cláudio, e deseja que seu filho o vingue, matando seu usurpador.

A partir de então, Hamlet passará a se fazer de louco, tendo assim uma liberdade para agir e planejar sobre como descobrir se o fantasma estava mesmo falando a verdade, ou se era apenas uma criatura infernal a atormentá-lo.

William Shakespeare é, literalmente, um caso a ser estudado. Há tantas teorias sobre quem de fato escreveu as obras, e até mesmo sobre diversos aspectos de sua vida, que existe um ramo da teoria literária só voltado a ele. Independente da verdadeira história, um fato concreto é que ele está completamente intricado na cultura pop atual.

Hamlet é a maior peça de seu acervo. Recheada de monólogos extensos de cunho filosófico, essa peça nos traz diversas passagens extremamente conhecidas ao público e que nos fazem refletir sobre a natureza humana, em especial sobre o auto-domínio. O príncipe é um personagem extremamente trágico e emotivo (minha contraparte shakesperiana), que muito mais pensa e reflete do que de fato age durante toda a peça. Já vi muitas pessoas o chamando de misógino, devido a uma ou outra fala do personagem em determinadas situações da peça, mas discordo dessa opinião, pois sua relação com a mãe é de atual revolta, enquanto ele faz seu papel de louco junto a Ofélia, seu interesse amoroso.

É interessante vermos todo o planejamento e tomadas de decisão sobre o crime contra o antigo rei, e como Hamlet procrastina ao realizar sua vingança. Na verdade, em diversos momentos cheguei a duvidar se de fato o crime fora cometido, sendo toda a trama um delírio do rapaz, mas após a constatação temos um grande número de acontecimentos frenéticos, que culmina no trágico e conhecido final.

Hamlet é uma peça que fala sobre o ato passional, o auto-domínio, a solidão, a existência, entre diversos outros temas. É uma trama totalmente intelectual que fisga o leitor pelo seu enredo, mas o faz permanecer pelas passagens totalmente reflexivas.



"Uma gota de mal,
Muitas vezes estraga a mais nobre substância
E a torna infame"

Ato I, Cena IV, linhas 36-38


"[...] É melhor, depois de morrer, Ter um epitáfio mal feito do que ser difamado por eles em vida"

Ato II, Cena II, linhas 42-44


--- Marcel Elias ---

Postar um comentário

Obrigada pela visita, dê sua opinião, participe e volte sempre.

- Caso tenha uma pergunta deixe seu e-mail abaixo que respondo assim que o comentário for lido.

- Caso sua mensagem não tenha relação com o post, envie para o e-mail.