Resenha: Desventuras em Série – Inferno no Colégio Interno por Lemony Snicket

Nada pode oferecer mais segurança e proteção à uma criança que um colégio interno, onde elas estão guardadas das mazelas do mundo, correto? Errado! Na vida dos irmãos Baudelaire não há segurança e proteção, forçando-os sempre ao máximo de suas habilidades para escapar dos perigos. Nessa edição, vamos descobrir que mesmo a organização que deveria proteger seus discentes pode ser opressora e tirânica.

Título: Inferno No Colégio Interno
Série: Desventuras em Série #5
Autor: Lemony Snicket
Editora: Seguinte
Ano: 2014
Páginas: 200
Nada de aventuras emocionantes com final feliz: Violet, Klaus e Sunny Baudelaire são legais e inteligentes, mas a vida deles está repleta de má sorte e infelicidade. Em Inferno no colégio interno, os três irmãos enfrentam caranguejos, provas hiper-rigorosas e os castigos de um internato.O colégio se transformou em mais um desastroso episódio de suas vidas horríveis. Desta vez, eles precisam escapar de fungos gotejantes e assistir a recitais de violinos, além de entender o complicado sistema métrico e suportar os exercícios de D.O.R.Violet, Klaus e Sunny têm o poder de atrair desgraças. Quem gosta de histórias alegres não deve nem abrir este livro, avisa o autor, pois as histórias dos Baudelaire são sempre uma desventura pior do que a outra.

Conforme explanado na última resenha, o Sr. Poe alertou aos órfãos Baudelaire que, caso algo desse errado na Serraria Alto-Astral, não haveria outra escolha para os meninos, senão matriculá-los em um colégio interno. Eis então nossos jovens heróis, juntos ao Sr. Poe, em frente à Escola Preparatória Prufrock, com seu belíssimo lema “Memento Mori” (Penny Dreadfull fellings), que, traduzido do latim, significa “Lembra-te de que Morrerás”

O livro mostra que essa nova etapa da vida dos irmãos será sofrida ao nos mostrar sua nova antagonista, Carmelita Sparks. Carmelita é uma menina esnobe e arrogante, que quer sempre ser o centro das atenções, tendo o maior prazer em humilhar as pessoas em público sempre. Se isso já não fosse ruim, conhecemos também o vice-diretor Nero, um homem que se considera um gênio e exímio tocador de violino, mas que na verdade é um tirano tolo e arrogante, que remeda seus estudantes em tom hostil e não sabe toca nada no violino, apenas arranha as cordas. Nero explica as regras da Escola, sendo uma delas a que os estudantes precisam obrigatoriamente ouvir, todos os dias, um recital de seis horas da terrível música de Nero. 

Os alunos que não vão são punidos pagando um pacote de balas ao vice-diretor, enquanto assistem-no devorar todo o pacote. Ele também explica sobre o maravilhoso e aconchegante alojamento dos alunos, mas os irmãos Baudelaire não terão acesso a eles, pois faz-se necessário a assinatura de autorização dos pais, que os irmãs não tem, por serem órfãos. Eles são encaminhados então para o Barraco dos Órfãos. Um lugar úmido e cheio de fungos que pingavam a todo instante, com caranguejos que os beliscam e uma pilha de feno como cama, sem falar que as paredes eram pintadas em um verde pavoroso, cheio de corações espalhados, parecendo um cartão de Dia dos Namorados brega.

As aulas não eram muito melhores, pois o professor de Violet apenas relatava entediantes fatos históricos, enquanto comia bananas, a de Klaus tinha obsessão pelo sistema métrico, forçando os alunos a medirem tudo e, como a escola não tinha uma classe, Sunny acabou tendo que se tornar secretária do vice-diretor, tendo que lidar com atividades impossíveis para um bebê.

E, como cereja do bolo, que está lá em mais um plano para tomar a fortuna dos Baudelaire? Sim, ele mesmo, o Conde Olaf! Dessa vez. disfarçado de professor de Educação Física, o Conde Olaf fará com que nossos pequenos desafortunados participem de seu programa de treinamento D.O.R. , tornando a vida deles ainda mais complicada.

Mas, nem tudo foi sofrimento para nossos queridos. Pois na escola eles conheceram os trigêmeos Quagmire. Isadora e Duncan Quagmire eram trigêmeos, até que seu irmão e seus pais acabaram morrendo em um incêndio, como ocorreu aos pais dos Baudelaire. Duncan quer ser jornalista e Isadora é uma poetisa especializada em dísticos (poemas curtos de apenas dois versos). E acabam criando um vícuo forte com esses dois órfãos.

Junto com seus novos amigos, os irmãos terão que sobrevier a mais essa intempérie em suas vidas, enquanto escapam mais uma vez das garras do Conde Olaf.

Esse é, assim como o livro anterior, uma aventura extremamente malvada com os órfãos. Nele vemos que a escola, um ambiente que deveria prover um ambiente seguro para o aprendizado, é um cárcere malvado, onde temos bullying tanto de estudantes, quando da própria figura de poder, representada aqui pelo vice-diretor Nero, que pode ser diretamente relacionado como referencia ao imperador romano Nero, que ficou conhecido por sua tirania e ganância e que forçava seus súditos a vê-lo enquanto tocava violino.

Lemony Snicket continua a nos brindar com seu brilhantismo ao narrar a história. Seja nos exemplos divertidos ou nas cenas tristes e dramáticas, o narrador é um ponto forte durante toda a narrativa.

O livro também é muito amado por diversos fãs da série pela introdução dos trigêmeos Quagmire (mesmo sendo apenas dois agora, ele não abrem mão de serem chamados assim), que são extremamente carismático e que, em poucas linhas, ganham nossos corações, o que nos será péssimo no futuro.

Até tivemos mais do Conde Olaf, mas dessa vez nosso vilão acabou meio em segundo plano a meu ver, pois, mesmo sendo responsável pela crise dos Baudelaire nesse livro, a carga dramática já estava tensa por conta de Nero e Carmelita. Mas isso não dispensou nosso pérfido vilão de aprontar até as últimas páginas desse livro.

Aclamado por muitos como um dos melhores livros de toda a saga, Inferno no Colégio Interno é mais uma aventura ímpar dos irmãos. Mais uma vez estaremos torcendo para que a vida sorria para nossos heróis, e mas uma vez ficaremos tristes com os resultados finais...

“Momentos felizes eram raros e inesperados na vida dos Baudelaire, e os três irmãos tinham aprendido a aceitar esse destino.” – Pág. 79

--- Marcel Elias --

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