Resenha: Sete Ossos e Uma Maldição por Rosa Amanda Strausz

Você acha que é corajoso? Pois bem, prepare-se para embarcar nas histórias onde o terror faz a sua morada. 

Título: Sete Ossos e Uma Maldição
Autor (a): Rosa Amanda Strausz
Editora: Rocco
Páginas: 118
Ano: 2006
Onde comprar: Saraiva | Submarino
Este livro de Rosa Amanda Strausz traz onze contos que fazem qualquer um sentir um friozinho cortante percorrer a espinha. Mas o medo aqui não paralisa, pelo contrário, só faz crescer a vontade de chegar à página seguinte, o que exige fôlego. Um prato cheio para quem curte histórias de terror e mistério - e qual é a criança ou o jovem que não curte? - e um bom começo para os iniciantes neste tipo de literatura. Em 'Sete ossos e uma maldição', não há sangue espirrando nem miolos saltando, como informa de antemão a orelha do livro. Nada explícito ou de mau gosto. Nele, a imaginação do leitor se encarrega de formar as cenas macabras forjadas através de um texto elegante. E é exatamente esse terror sugerido, literatura fantástica da melhor qualidade, que o torna tão atraente. O primeiro conto, "Crianças à venda. Tratar aqui", pega o leitor de primeira e dá o tom do que virá a seguir. A dúvida é uma constante. Vai ficando cada vez mais difícil dizer exatamente o que é e o que não é, o real e o sobrenatural se misturam numa atmosfera fascinante. O conto que dá nome ao livro também surpreende o leitor ao explicar o que são afinal os sete ossos e a maldição do título, aliás, uma história sinistra, como diriam os jovens leitores.

Dizem que a emoção mais forte e mais antiga do mundo é o medo, precisamente o medo do desconhecido. Assombrações, demônios, entidades... Cada um a sua maneira , tentando retirar tudo de bom que você sente, seduzindo você a um caminho sem escapatória. Onde todos têm uma coisa em comum:acabar com a sua felicidade. Para sempre.

O livro da autora brasileira Rosa Amanda Strausz vai trazer o leitor para uma atmosfera aterrorizante, deixando-o com o coração acelerado e a respiração entrecortada. Nenhum cenário repleto de sangue espirrando, miolos por todos os lados... Ainda bem, porque eu sou bastante fraca para esse tipo de coisa. Pelo contrario, com cenários muito bem elaborados, a intenção principal é levar o leitor a usar sua imaginação por cada sugestão implícita no texto, fazendo-o formar as mais diversas cenas macabras.

E macabra é a palavra correta para definir os contos presentes nesse livro. O conto que abre o livro é pra lá de sinistro. “Crianças à venda. Tratar aqui.” Conta a história de uma mãe oportunista que, por viver na miséria, põe seus filhos a venda em busca de melhoria tanto na sua vida como na vida das crianças. Uma a uma foi sendo comprada até que só sobrou um a venda. Quando Fabiojunio foi vendido a um casal estranho, a filha mais velha, Simara, ficou desconfiada dos compradores e depois que chegam fotos de Fabiojunio na nova casa, a menina acha estranha a expressão do menino.  Sabendo que algo está errado, resolve investigar e o que a garota descobre é bastante aterrorizador.

Eu realmente fiquei assustada com o desfecho desse conto. Na verdade, quando escolhi esse livro para ler, achei que seria algo para crianças e, depois de ler o primeiro conto, já mudei totalmente a minha primeira impressão. Achei-os bastante semelhante a alguns contos dos irmãos Grimm já que a maioria deles têm como personagens principais crianças e o modo como são narrados, embora os contos dos irmãos Grimm terem uma lição a ser dada, mesmo que seja da  pior maneira possível, sendo consequência de atos dos mesmos e, os personagens dos contos de “Sete Ossos e Uma Maldição” têm desfechos inimagináveis porém, na maioria das vezes, eles não vão em busca de algo errado ou proibido, simplesmente acontece. Também só tinha visto tamanha crueldade e horror para “crianças” em livros dos mesmos, o que me deixou bastante surpresa ver uma autora brasileira conseguir trazer a ideia para seu livro. O que todos esses contos têm em comum é que não existe um final feliz. 

O fim do caminho está repleto de medo e trevas, onde não há escapatória. Dentre esses 10 contos que o livro trás, podemos citar como um dos mais assustadores  “O fruto da figueira velha”, onde um casal recém-casado compra uma casa “mal-assombrada” e a reforma, imaginando criar os vários filhos que desejam ter. Depois de pronta, o casal se muda logo após a lua de mel e faz um piquenique. Depois de comer um fruto de uma figueira frondosa que tem na propriedade, Denise recebe a visita do diabo em sua cama na mesma noite, cobrando-a pelo fruto que lhe foi tirado do pé. Após um tempo, em que Denise fica grávida, o demônio volta para buscar o fruto do seu ventre, assim como ela fez com a figueira. O desfecho dessa história não seria outro, se não lúgubre.

Repleto de contos que fazem referências a grandes histórias como “Dentes tão brancos” que remete a um ser semelhante à Frankenstein ou “Devolva a minha aliança” que nos faz lembrar o filme “A noiva cadáver”, este é um livro para quem tem nervos fortes. São simples tanto na escrita, como na narrativa e no enredo em geral. Mas não achem simplicidade um sinônimo de baixa qualidade, muito pelo contrário. Esse foi um dos pontos fortes do livro no geral, adicionados ao terror de sua história. Aproveitem a leitura e esteja a postos para caso algum ser venha visitá-los no meio da noite.

À noite, no entanto, não se aventuravam por lá. Todo mundo sabia que as almas penadas acordavam quando os vivos iam dormir. Pág. 21

--- Juliana Gueiros ---

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