Mulheres nos Quadrinhos | Parte #01: A Evolução da Mulher nos Quadrinhos

Mulheres lutam por seus direitos há muitos anos. Não é de hoje a história de que a mulher quer seu espaço no mundo, não apenas em um lado profissional, mas em todos os aspectos da vida. Convido vocês a virem comigo para uma conversa sobre como essas personagens vem se desenvolvendo nos quadrinhos, um nicho que por muito tempo foi considerado parte do universo masculino, desde sua aparição até os dias atuais.

Antes de tudo, preciso lembrá-los que isso aqui é uma discussão informal.

Infelizmente não sou um sociólogo ou historiador para dar dados precisos a respeito deste tema, sou apenas um leitor de quadrinhos que pode observar as mudanças de tons que as personagens tiveram ao longo dos tempos...

Os quadrinhos começaram em meados dos anos 40 e 50, geralmente tinham histórias curtas e de rápida conclusão e diversos seguimentos focados em gêneros como terror e ação. Ouso dizer que, naqueles tempos, mulheres tinham uma importância mínima ou nenhuma para o desenvolvimento da história apresentada, e mesmo quando tinha, geralmente era para alavancar o papel do herói na história.

A partir dos anos 60, com a consolidação de heróis que temos até hoje, tivemos o começo das aparições de membros femininos nas equipes. É interessante notarmos que nesse inicio da “alvorada dos heróis” as mulheres eram bastante escassas (geralmente uma para um grupo contendo 4 ou 5 membros masculinos)  e seus atributos ao time eram muito mais no quesito “embelezamento da equipe”, às vezes um alívio cômico, ou mesmo o interesse romântico do herói principal, do que propriamente uma heroína que luta contra o mal.
Fora os Pin Ups, a Mulher Invisível não era lá muito útil

Os exemplos mais fortes que tenho em mente são a Vespa, a Mulher Invisível e a Garota Marvel. Quem eram essas moças nas histórias? A Vespa, mesmo na forma de Janet, era uma mocinha alienada e sem nenhum traço de personalidade característico. Susan Storm estava no time muito mais como a namorada do Sr. Fantástico para depois ser a esposa do mesmo, o grande arco da personagem nesse tempo foi o seu casamento. Jean Grey ainda teve algum pouco mais de desenvolvimento, talvez até pelo apelo da revista em querer dar voz à minorias, mas a longo prazo sua história foi totalmente superficial e ela acabou sendo lembrada muito mais como interesse romântico que por suas habilidades telecinéticas.

É uma teoria muito absurda pensar q justo o animal que deram pra Janet é um serzinho irritante que machuca quando irritado?

Chegamos aos anos 70 e 80, onde a partir de agora temos o “boom” das mulheres! Com suas equipes e times já conhecidas e famosas, as editoras começaram a apostar em outros seguimentos de heróis, e dessa nova gama veio o efeito que chamam de “costela de Adão”. Esse efeito basicamente consiste na ideia de criar uma versão feminina para heróis que já existentes, numa tentativa de trazer os leitores desses heróis para as novas revistas. Nisso temos, por exemplo, A Miss Marvel, a Mulher Hulk e Mulher-Aranha.

O mais incrível dessa época é não apenas termos mulheres, mas elas agora em personalidades! Toda a graça dos quadrinhos da Mulher Hulk não está no fato dela ser verde, grande e musculosa, mas sim no fato dela ser super inteligente e ter uma carreira promissora como advogada! E não para por aí, pois a própria Mulher-Aranha tem seu backstage complicado com a HIDRA, Miss Marvel tem quase uma crise de identidade ao ter seus poderes roubados pela Vampira e nossas heroínas antigas também tiveram seu destaque!

Nos X-Men não foi diferente, a gama de heroínas que vieram nessas 2 décadas foi incrível. E o melhor de tudo é que não foram personagens que vieram com overdose de sex appeal para os marmanjos, mas todas, mesmo em menor escala, tiveram seu lugar ao sol e personalidades definidas! Quem não riu com a Kitty, quando a garota entrou no time, ou não se emocionou com a saga da Fênix Negra, ou até mesmo concorda que a Tempestade é uma das melhores criações dos quadrinhos?

Essas décadas foram divisoras de águas para o papel das mulheres, pois trouxe-nos não apenas mulheres de fantasias sensuais que batiam em homens, mas garotas doces e inocentes, ou mesmo diretoras de corporações, mas que não precisavam de personagens masculinos para alavancar suas histórias e desenvolvimentos!

Mas, como nem tudo são flores, vieram os anos 90...
Nada contra quem goste, mas, para mim, os anos 90 foram de um modo geral o período negro dos quadrinhos. Com as garotas não foi diferente. Sabe aquelas duas décadas de desenvolvimento incrível que tivemos?  Cortaram tudo em prol de roupas provocantes, cinturas finas, e seios fartos. Mesmo as mulheres respeitáveis tiveram fantasias toscas para marcar seus corpos, o que foi algo tosco. Claro que houve exceções, mas o que acabou marcando  essa época foram as histórias fracas e personagens superficiais e vazios...

Por que, Sue? Por que?
Hoje em dia os roteiristas e desenhistas estão mais preocupados com a visão feminina, afinal as mulheres, mais do que nunca, consomem essas histórias. Ainda há o vestígio de preconceitos aqui e ali, como a ideia de violência máxima contra a mulher sempre pairar apenas no abuso sexual, e seria hipocrisia falar que paramos de sexualizar heroínas, mas, mais do que nunca, ouso dizer que as grandes corporações começaram a ver suas personagens menos como um pedaço de carne para o deleite de leitores e muitos mais como seres que merecem tanta atenção quanto os homens.


E vocês, quais são suas heroínas favoritas e como vocês acham que elas são tratadas nas histórias?

--- Marcel Elias ---

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