Resenha: A Morte de Sarai por J. A. Redmerski

J.A. Redmerski sempre foi uma autora que eu tive certa resistência em ler por algum motivo que nem eu sei explicar, mas depois que a minha amiga e blogueira top, Mari do blog S2 Ler, indicou "A Morte de Sarai", eu decidi dar uma chance ao livro e não é que fui surpreendida?

Título: A Morte de Sarai
Série: Na Companhia de Assassinos #1
Autor (a): J.A. Redmerski
Editora: Suma de Letras
Páginas: 255
Ano: 2015
Onde comprar: Saraiva | Submarino
Sarai era uma típica adolescente americana: tinha o sonho de terminar o ensino médio e conseguir uma bolsa em alguma universidade. Mas com apenas 14 anos foi levada pela mãe para viver no México, ao lado de Javier, um poderoso traficante de drogas e mulheres. Ele se apaixonou pela garota e, desde a morte da mãe dela, a mantém em cativeiro. Apesar de não sofrer maus-tratos, Sarai convive com meninas que não têm a mesma sorte. Depois de nove anos trancada ali, no meio do deserto, ela praticamente esqueceu como é ter uma vida normal, mas nunca desistiu da ideia de escapar. Victor é um assassino de aluguel que, como Sarai, conviveu com morte e violência desde novo: foi treinado para matar a sangue frio. Quando ele chega à fortaleza para negociar um serviço, a jovem o vê como sua única oportunidade de fugir. Mas Victor é diferente dos outros homens que Sarai conheceu; parece inútil tentar ameaçá-lo ou seduzi-lo. Em “A morte de Sarai”, primeiro volume da série Na Companhia de Assassinos, quando as circunstâncias tomam um rumo inesperado, os dois são obrigados a questionar tudo em que pensavam acreditar. Dedicado a ajudar a garota a recuperar sua liberdade, Victor se descobre disposto a arriscar tudo para salvá-la. E Sarai não entende por que sua vontade de ser livre de repente dá lugar ao desejo de se prender àquele homem misterioso para sempre.


Sarai está refém do medo há mais tempo do que ela é capaz de se permitir sentir, mas quando uma chance de se libertar surge, ela sabe que não pode desperdiçá-la por mais que as consequências sejam ameaçadoras demais. A verdade é que fugir para onde quer que seja deve ser melhor do que continuar sendo explorada e mantida como prisioneiro de Javier, um poderoso narcotraficante mexicano com quem sua mãe a deixou. Ela já não suporta mais ver meninas sendo escravas sexuais e não poder fazer nada, ela só quer conhecer outro tipo de vida que não seja apenas violência.

É por isso que quando ela descobre que o homem que está fazendo negócios com o traficante é americano, ela aposta todas as suas fichas nessa fuga mesmo sabendo que para estar naquele local, ele não deve ser muito melhor que Javier. No entanto, as coisas são mais complicadas do que ela poderia imaginar, já que Victor além de ser um homem misterioso, leva uma vida escusa e sem escrúpulos: ele é um assassino. Vivendo situações de perigo ao lado dele na tentativa de se desvencilhar da perseguição de Javier que emprega uma busca ensandecida para levá-la de volta ao cativeiro, ela fica dividida entre temê-lo e amá-lo.

"A Morte de Sarai" é um livro complicado. Para lê-lo e conseguir gostar do que viu, é necessário ter uma mente muito aberta. Digo isso porque apesar da história parecer ser um romance com toques de thriller, a autora traz não só temas, como também, atitudes e pensamentos que podem ser difíceis de serem aceitos em um primeiro momento. Nesse rol de temas polêmicos, vemos violência contra mulher de todos os tipos (desde agressões físicas e verbais a agressões sexuais), homicídios, tráfico de pessoas, entre tantas outras coisas que pouco são discutidas em livros que são voltada para o público jovem adulto.

E a autora foi muito feliz ao trazer esse enredo mais denso e essa carga dramática para a sua história, já que traz à baila questões que devem sim ser debatidas, pois por mais que seja distante da nossa realidade pessoal, ainda são ocorrências observadas na nossa sociedade. Esse é ponto forte do livro, ainda mais porque podemos observar tudo isso a partir do ponto de vista tanto de uma vítima, como de um agressor. Mas o livro não funciona como um romance. De verdade, diante de todas as situações difíceis que Sarai viveu, me incomodou profundamente a tentativa de romantização da sua relação com o Victor.

Ainda mais por ambos protagonizarem cenas de violência que me deixaram meio chocada em saber que a Sarai simplesmente não dava a devida relevância a isso. Por mais que ela insista, eu não consigo ver o relacionamento dos dois como algo que não seja as sequelas da Síndrome de Estocolmo, pode ser que a autora consiga me fazer ver esse "amor" de outra maneira, mas por enquanto esse ainda foi a maior dificuldade tive lendo "A Morte de Sarai". Isso, e o cliffhanger com o qual a autora encerrou esse primeiro livro da série "Na Companhia de Assassinos".

Particularmente, acredito que se a autora tivesse focado mais no desenvolvimento da personagem do que nos meandros do romance dela com o Vitor, talvez até fosse possível avançar um pouco mais na narrativa e apresentar questões relevantes para compreender a trama da série. No entanto, este é o ponto de vista de alguém que não apreciou o romance entre esses personagens e que queria ter acesso à outros pontos, o que não significa, é claro, que o leitor que gosta de relacionamentos controversos esteja errado em ter apreciado essas inserções e abordagens. De todo modo, é uma boa história por trazer cenas de ação de qualidade e por abordar temas polêmicos e indigestos.

Acho que agora sei como é quando uma pessoa passou metade da vida na prisão e é solta no mundo de novo. Ela não sabe o que fazer consigo mesma, não sabe como voltar a se inserir na sociedade. Fica o tempo todo olhando por cima do ombro. Não consegue acordar mais tarde do que cinco da manhã, nem acreditar que pode escolher o que comer e quando comer. Violência, escuridão e confinamento fazem parte dela a tal ponto que metade do seu ser nunca aprende outra forma de viver.

--- Isabelle Vitorino ---

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