Resenha: Osbert, o Vingador por Christopher William Hill

Sabe daqueles livros que você não espera mais do um tempo de diversão, mas que acaba lhe surpreendendo de tal forma que as últimas páginas são sempre uma surpresa quando vistas? Pois bem, “Osbert, o Vingador” está definitivamente encaixado nessa descrição. Venham comigo e confiram um pouco sobre esse livro maravilhoso.

Título: Osbert, o Vingador
Série: Histórias de Schwartzgarten
Autor: Christopher William Hill
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 266
Ano: 2015
Onde comprar: Saraiva | Submarino
Osbert, o Vingador - Schwartzgarten é um lugar estranho. À primeira vista, trata-se de uma cidade como outra qualquer, com casas, bancos e bibliotecas. Entretanto, por trás dessa aparência comum se esconde um passado sinistro, repleto de violência e batalhas sangrentas. Para Osbert, que cresceu ali, a cidade não é tão esquisita assim. Ele está acostumado a passear todos os dias pelo cemitério e conhece várias histórias locais, mas nada disso parece influenciar negativamente o menino. Bem, pelo menos não até ele ser aceito no Instituto. Considerada a melhor escola de Schwartzgarten, o Instituto é também um lugar cruel, comandado por professores sádicos, que gostam de torturar seus alunos. Caladas, as crianças aceitam as duras punições sofridas, e, com certeza, Osbert fará o mesmo... Certo? Errado, muito errado! O menino é mais esperto do que todos imaginam e não pretende deixar os professores impunes. Pelo contrário: quer que eles paguem pela sua crueldade, da pior maneira possível. Eis que surge então Osbert, o Vingador, um justiceiro frio e determinado, disposto a destruir cada um de seus inimigos. Nesta história de vingança e reparação, Christopher William Hill nos surpreende com um herói nada bonzinho e vilões que se transformam em vítimas. Um livro assustador e imprevisível, que certamente fisgará os leitores da primeira à última página.

Osbert sempre foi um menino inteligente. Isso poderia ser uma consequência do pedido silencioso que sua mãe fez quando estava grávida ou do seu cérebro maior do que o normal e que deixava sua cabeça um tanto quanto desproporcional. O fato é que após ter passado os primeiros anos de sua vida sendo educado pelos seus pais e devorando todos os livros que via pela frente, a sua capacidade de aprender parecia ir além do que uma educação caseira podia oferecer. Foi pensando nisso que mesmo tendo uma boa profunda mágoa em seu coração causada pelo Instituto, o pai de Osbert se viu obrigado a inscrever o menino na prova que selecionaria os melhores candidatos para estudar no lugar. No dia da prova, ele já tem um vislumbre do que o espera, pois em um antigo casarão que parece ser mal assombrado e com professores diabólicos, a única coisa boa ali parecia ser a doce e bela Isabella.

Quando o resultado foi anunciado e Osbert finalmente ingressou no Instituto ele mal sabia que as piores coisas estavam para acontecer. Mostrando desde o início ser uma aluno exemplar e ambicioso, ele fez o possível para mostrar que sua inteligência era um motivo de orgulho. Entretanto, diferente de outras escolas, os alunos mais inteligentes eram punidos rigorosamente. Pelo menos era isso que todo o corpo docente do Instituo acreditava... Mas a verdade era que por trás dos gritos soados corredor afora, o professor Lomn era um homem apaixonado por sua profissão e que tratava as crianças com muita doçura. E foi esse carinho que acabou colocando ele o jovem Osbert em maus lençóis. Tanto que o menino e sua família acabaram sem casa e sem dinheiro. Ver os seus pais sofrendo, bem como, a bela Isabella, ele arma um plano. Um plano de vingança terrível, mas genial.

Costumo adorar livros voltado para o público infantil. Gosto da sensação de me ver rodeada por aventuras fantásticas e dilemas não tão difíceis assim de resolver. No entanto, mais do que isso, Christopher William Hill trouxe para "Osbert, o Vingador" uma história horripilante em seus detalhes. Nesse sentindo ele traz o mesmo clima de "Desventuras em Série" do Lemony Snicket, já que além de ambientar muito bem o seu enredo, com descrições de prédios no melhor estilo gótico e histórias de aterrorizar sobre os fundadores da cidade, ele também coloca um quê de comicidade nos seus personagens. Narrado em terceira pessoa, é impossível não devorar o livro avidamente. Com ingredientes já costumeiros no gênero infantojuvenil, o autor conseguiu me surpreender através de um detalhe: o menino tornasse um serial killer.

Sim, você não está lendo errado. Após tudo o que acontece com as pessoas que ele ama, Osbert busca uma maneira de descontar toda a sua frustração nas pessoas que fizeram ele sofrer de alguma maneira. Por isso decide que vai matar cada um deles. A maneira que ele faz isso demonstra toda a inteligência que ele possui, já que sempre faz com que as coisas aconteçam de modo a combinar com a personalidade de suas vítima e principalmente, que não deixe pistas. Não tenho como negar que a princípio fiquei estarrecida que um livro voltado para o público infantil tivesse tantas mortes requintadas e bem planejadas, mas no decorrer da leitura acabei vendo que o que choca mais é a maneira tão consciente com a qual o Osbert age e não a morte em si, já que essa, é possível ver em vários outros livros.

Outra coisa que eu adorei na composição do primeiro livro da série "Histórias de Schwartzgaten" foi a composição dos personagens. Todos eles são tão peculiares a sua maneira que me lembraram a originalidade que sempre permeia os personagens de Tim Burton, aliás, "Osbert, o Vingador" se tornaria ainda mais maravilhoso se adaptado pelas mãos desse diretor. Diante de tantas coisas bacanas que pude ver nesse livro, não tive como deixar de favoritá-lo. Apesar dos próximos livros da série ter outros narradores que não o Osbert, já estou ansiando avidamente por ler cada um deles. Tenho certeza que as leituras serão tão divertidas quanto essa. E se você gostou da premissa dessa história, não deixe de ler esse livro. Você não se arrependerá!

Osbert analisou o assunto com cuidado. A história de Schwartzgarten era inegavelmente sangrenta. Será que ele agravaria muito o problema se derramasse um pouco mais de sangue? Na verdade, não estaria enriquecendo a história da grande cidade?

--- Isabelle Vitorino ---

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