Falando sobre... Livros e Adaptações


Recentemente o autor Stephen King concedeu uma de suas raras entrevistas à revista Rolling Stone. Nela, além de explanar alguns detalhes a respeito do seu processo criativo e da maneira como ele enxerga o terror, ele também reacendeu o debate acerca das adaptações de livros. Declarando que não gosta do filme “O Iluminado” dirigido por Kubrick por causa dos diferentes tons que cada obra emprega a história, ele ainda disse:
As pessoas obviamente adoram o filme, e não compreendem por que eu não gosto. O livro é quente, o filme é frio; o livro termina com fogo, e o filme, com gelo. No livro, existe um verdadeiro arco em que você vê este sujeito, Jack Torrance, tentando ser bom, mas que, pouco a pouco, vai se tornando maluco. E, quando assisti ao filme, Jack era louco desde a primeira cena. Tive que ficar com a boca fechada na época. Era uma exibição antecipada, e Jack Nicholson estava presente. Mas fiquei pensando comigo mesmo, no momento em que ele apareceu na tela: “Ah, eu conheço esse cara. Eu já o vi em cinco filmes de motoqueiro, em que Jack Nicholson fazia o mesmo papel”. E é tão misógino. Quero dizer, Wendy Torrance simplesmente é apresentada como uma dona de casa que não para de berrar. Mas essa é só a minha opinião, é só o jeito como eu sou.

A verdade é que não é nenhuma novidade que não só autores, como também, leitores travam uma verdadeira batalha entre o amor e ódio com relação às adaptações de obras literárias. Mas qual seria o real motivo para isso?

Quando se trata da relação entre um leitor e um livro, nunca se pode colocar as coisas em âmbito racional. Afinal, essa paixão que nos impulsiona a ler página após página, tem certa magia que a lucidez não é capaz de abrigar. É por isso que é tão difícil analisar um filme que foi produzido a partir do enredo de uma história que amamos. Tudo está tão perfeito em nossa mente, que a possibilidade de estragar tudo isso vendo uma trama modificada, personagens caracterizados de maneira diferente da que se imaginava, por vezes, mantém certos apaixonados afastados dessas adaptações. Eu sou uma dessas pessoas. Há livros pelos quais me encantei que eu não tenho a menor coragem de ver de tanto medo que sinto de estragar todas as lembranças que obtive através da leitura.
Livros? Livros deixam você sentir tudo, saber tudo e VIVER tudo. Com um livro, você ser o herói que mata o demônio com um rodopio de sua lâmina. Você pode ser uma garota que luta contra o câncer, junto com a dor e a incerteza do que está por vir. Você pode ser um semideus, você pode ser um alien, você pode ser um anjo, um deus, um vilão, um herói. Você pode se apaixonar, você pode odiar, você pode triunfar, você pode perder. Você pode ser tudo e nada. Não há limites. Sem restrições. Nada é impossível, nada está fora de alcance...

Falando desse jeito, soa como se eu não fosse uma das maiores fãs de adaptações. Mas isso não é verdade, já que se por um lado, há certos filmes que não tenho coragem de ver para não sofrer uma decepção, há outros que depois que eu vi, me fizeram correr para a livraria mais próxima a fim de devorar os livros para saber o que aconteceu com aqueles personagens que em poucos minutos me fizeram entrar em um universo que até então eu não tinha tanto interesse em conhecer. 


É por isso que acredito que quando se trata de livros e suas adaptações não dá para colocar as coisas em termos absolutos, pois do mesmo jeito que algumas pessoas irão odiar a maneira como o roteirista fez cortes na história e o diretor mostrou cenas através de outro ponto de vista, outras irão adorar todas essas coisas. É claro que não dá para negar que determinadas adaptações conseguem transformar o enredo em uma história completamente diferente daquela que o autor propôs em seu livro, mas em tempos que os autores estão exercendo cada vez mais o papel de roteiristas, os leitores mais desconfiados parecem ter a chance de respirar um pouco mais aliviados quando a compra dos direitos de adaptação for anunciada.

Mas me digam vocês, quais adaptações vocês odiaram e quais vocês amaram? O que vocês pensam sobre o assunto?

--- Isabelle Vitorino ---

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