Confissões de uma Blogueira em Crise: Sobre Abandonar Leituras


Esses dias eu estava pensando no quanto o meu perfil e meus gostos como leitora mudaram nos últimos tempos. Livros que antes eu amava ler, hoje quase não fazem mais parte da minha estante; gêneros que eu jamais imaginei me identificar, agora me encantam e preceitos que eu pensei que nunca deixaria de preservar, atualmente estão sendo vistos sob um novo ponto de vista. Com relação a esse último ponto, acho que o mais me chocou foi a maneira que eu me desprendi totalmente do meu mandamento “não abandonarás um livro” e passei a ter um comportamento louco, onde eu começo a ler vários livros ao mesmo tempo e os abandono quando a história não me convence após eu ter lido um terço da história.

Sério, isso está começando a me assustar. Principalmente porque sempre fui daquelas leitoras que por mais raiva que estivesse tendo da história, por mais sofrível que fosse o enredo e por pior que fossem os personagens, eu continuava ali, esperando que um milagre acontecesse e que o escritor me surpreendesse de uma maneira que eu terminaria a leitura o aplaudindo. Por um tempo esse meu jeito até que me rendeu boas surpresas, mas percebo que isso agora não funciona mais com tanta frequência. Acredito que isso influenciou e muito o meu comportamento de leitora problemática que quer porque quer que tudo saia conforme o que ela espera.


Quer dizer, talvez as palavras certas para descrever esse tipo de leitor não sejam essas, mas apenas: leitor seletivo e que preza pelo seu tempo. E se eu estiver certa com relação a essa descrição, abandonar um livro talvez não seja algo tão ruim quanto parece. Talvez essa atitude seja uma otimização de tempo, o que convenhamos, é algo de suma importância para quem não dispõe de um dia inteiro para ler e tem que conciliar as suas leituras com todas as responsabilidades da vida cotidiana. Além disso, ler apenas pela obrigação que você se autoimpõe não é legal. Acho que todos nós temos lembranças dos tempos de escola aterradoras o suficiente para não gostar de “leituras obrigatórias”.

Então porque ficar com peso na consciência com a pilha de livros abandonados? Porque o receio de clicar no botão “abandonado” no Skoob? Porque a sensação que ao colocar um livro de volta na estante estamos decretando-o a uma subsistência? Seria essa nossa espécie de “Cemitério de Livros”? A verdade é que eu não sei responder nenhuma dessas perguntas. Só sei que gostaria de ter mais tempo e mais paciência para ler todos os livros e ter a certeza de que por mais que a história em questão não seja compatível com o meu momento, eu só estaria dizendo um “até logo” para ele e não um “adeus”, como costumamos fazer em sepultamentos.

E vocês, o que acham do assunto? Costumam abandonar livros quando não estão gostando da leitura ou resistem bravamente até o fim?

--- Isabelle Vitorino ---

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