Resenha: A Vida Como Ela Era por Susan Beth Pfeffer
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Susan Beth Pfeffer
No início desse ano
eu estava completamente imersa no universo das distopias, mas com o transcorrer
dos meses fui descobrindo outros gêneros e me apaixonando por cada um deles.
Mas quando li a respeito do livro “A Vida Como Ela Era”, decidi que antes de
terminar o ano eu precisava sentir de novo aquela emoção própria de um livro
que trata da vida no planeta de forma diferente como a conhecemos. E olha, não
podia ter feito uma escolha melhor.
Série: Os
Últimos Sobreviventes #1
Autor (a): Susan Beth Pfeffer
Editora:
Bertrand Brasil
Páginas: 378
Ano: 2014
Onde comprar:
Saraiva
Quando Miranda começa a escrever um diário, sua vida é como a de qualquer adolescente de 16 anos: família, amigos, garotos e escola. Suas principais preocupações são os trabalhos extras que os professores passaram tudo por causa de um meteoro que está a caminho da Lua. Ela não entende a importância do acontecimento; afinal, os cientistas afirmam que a colisão será pequena. Mas, mesmo assim, acredita que esse será um evento interessante a se observar, com binóculo, do quintal de casa. Para surpresa de todos, o impacto da colisão é bem maior do que o esperado, e isso altera de modo catastrófico o clima do planeta. Terremotos assolam os continentes, tsunamis arrasam os litorais e vulcões entram em erupção. Em 24 horas, milhões de pessoas estão mortas e, com a Lua fora de órbita, muitas outras mortes são previstas. Os supermercados ficam sem comida, e Miranda e sua família precisam, então, lutar pela sobrevivência em um mundo devastado, onde até a água se torna artigo de luxo.
Miranda sempre foi
uma garota comum. Seus planos para aquele ano nada mais eram do que formar um
bom currículo para a universidade, praticar alguns esportes e porque não, se
apaixonar. Tudo isso parecia possível de acontecer, mas quando o mundo passa a
viver na expectativa da colisão de um asteroide com a lua, as coisas começam a
mudar. No entanto, Miranda jamais imaginou que o que parecia ser apenas um
evento astronômico qualquer fosse o responsável pela drástica mudança que sua
vida estava prestes a ter.
Era uma noite
perfeita para a observação, todo o mundo parecia ter parado para assistir a
colisão e estava fora de casa fazendo churrascos, preparando seus binóculos e
se divertindo com a perspectiva do que estava por vir. Mas algo que ninguém
esperava aconteceu: o impacto do asteroide sobre a lua foi maior do que o
esperado e ela se aproximou perigosamente da Terra. Mudando de imediato as
marés e alterando o clima do planeta, as pessoas pareciam não entender até onde
ia a extensão do problema. O que logo mudou, já que após ter notícias de
cidades terem sido dizimadas, as pessoas passam a se mobilizar e a corrida
contra o tempo e a favor da vida se inicia.
Escrito em forma de
diário pela personagem Miranda, “A Vida Como Ela Era” é um livro que insita no
leitor emoções do tipo: ame ou odeie. Equilibrando-me perigosamente entre os
dois sentimentos, no decorrer das páginas me vi cada vez mais envolvida com o
drama vivido por Miranda, seus familiares e pelos demais personagens que
aprendi a gostar. Com uma narrativa muito intimista, o único ponto de vista que
vemos o de Miranda, e talvez por causa disso, se torne difícil a tarefa de
gostar dela. Tendo pensamentos egoístas a respeito de tudo o que está
acontecendo, ela raramente pensava nos outros e o seu desconforto sempre
deveria ser levado em maior consideração do que o dos demais.
Essa postura dela me
incomodou tanto que eu quase não consegui apreciar qualquer faceta de sua
personalidade, mas com o desenvolver da história pude perceber que ela era mais
do que uma garota egoísta. O que não me fez gostar mais dela, já que entre
todos os personagens a pessoa que me fez ver o que realmente é amor em sua mais
pura forma foi a sua mãe. Tendo atitudes altruístas, pensamento rápido e abdicando
de coisas essenciais para viver, ela tinha um senso de justiça que me fez
admirá-la. Ainda mais quando ela tinha que coordenar a vida de três filhos e
ajudar a doce Sra. Nesbitt, que não tinha mais ninguém no mundo e que precisava
do auxílio da família de Miranda para conseguir prolongar o máximo seu tempo de
vida.
O que era algo bem
difícil, já que a situação no planeta estava completamente caótica e ninguém
sabia o que o amanhã reservava. Com cidades litorâneas dizimadas e o ar cada
vez mais denso graças a fuligem expelida pelos vulcões que entraram em
atividade, cada estação parece trazer consigo uma desgraça maior do que outra e
fica a carga das próprias pessoas encontrarem uma forma de lidar com isso, já
que os governos parecem não saber o que fazer com o desastre. Com comida
limitada e a água imprópria para consumo, as pessoas tem que encontrar um modo de
sobreviver com todos os infortúnios previsíveis e imprevisíveis que podem
acontecer.
Com a morte rondando
a vida de todos, as relações passam a ser cada vez mais frágeis e as pessoas
cada vez mais territorialistas. Vivendo sempre no limite, o amanhã é visto com
ansiedade e temor, ainda mais quando doenças passam a assolar todos e ajuda
passa a ser apenas uma palavra qualquer. Essa tensão exerce uma forte pressão
psicológica e é aí onde está centrado o ponto principal da narrativa. E apesar
do livro pecar por causa da morosidade e da falta de ação, ele possui o tipo de
história que prende o leitor que é cativado por dramas e que gosta de refletir
a respeito da vida. Certamente mesmo com os seus pontos negativos, o primeiro
livro da série “Os Últimos Sobreviventes” me cativou tanto que eu estou ansiando desesperadamente pelos próximos volumes.
Será que as pessoas percebem o quanto a vida é preciosa? Sei que nunca percebi isso antes. Sempre havia tempo. Sempre havia um futuro. Pág. 320
Playlist:
--- Isabelle Vitorino ---
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