Resenha: Desejo à Meia-Noite por Lisa Kleypas
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Que eu sou uma
apaixonada por romances históricos, acredito que todos vocês já sabem. Por isso
enquanto não é lançado mais um livro da minha querida série “Os Bridgertons”,
eu decidi me aventurar pelas páginas escritas por Lisa Kleypas. E olha, até
agora não sei dizer o que senti com relação ao que encontrei.
Título:
Desejo à Meia-Noite
Série: Os
Hathaways #1
Autor (a): Lisa
Kleypas
Editora:
Arqueiro
Páginas: 272
Ano: 2013
Após sofrer uma decepção amorosa, Amelia Hathaway perdeu as esperanças de se casar. Desde a morte dos pais, ela se dedica exclusivamente a cuidar dos quatro irmãos uma tarefa nada fácil, sobretudo porque Leo, o mais velho, anda desperdiçando dinheiro com mulheres, jogos e bebida. Certa noite, quando sai em busca de Leo pelos redutos boêmios de Londres, Amelia conhece Cam Rohan. Meio cigano, meio irlandês, Rohan é um homem difícil de se definir e, embora tenha ficado muito rico, nunca se acostumou com a vida na sociedade londrina. Apesar de não conseguirem esconder a imediata atração que sentem, Rohan e Amelia ficam aliviados com a perspectiva de nunca mais se encontrarem. Mas parece que o destino já traçou outros planos.Quando se muda com a família para a propriedade recém-herdada em Hampshire, Amelia acredita que esse pode ser o início de uma vida melhor para os Hathaways. Mas não faz ideia de quantas dificuldades estão a sua espera. E a maior delas é o reencontro com o sedutor Rohan, que parece determinado a ajudá-la a resolver seus problemas. Agora a independente Amelia se verá dividida entre o orgulho e seus sentimentos. Será que Rohan, um cigano que preza sua liberdade acima de tudo, estará disposto a abrir mão de suas raízes e se curvar à maior instituição de todos os tempos: o casamento?
Amelia Hathaway passou por muitas coisas nos últimos tempos. Perdeu seus
pais, viu seus irmãos perecerem diante de uma doença mortal e ainda teve seu
coração partido por aquele que ela achou que seria o amor de sua vida. Tudo isso
a tornou forte, tão forte que alguns cogitavam a possibilidade dela ser uma
megera. O que poucos se davam conta era que ela tinha grandes
responsabilidades, já que com seu irmão mais velho entregue a dor da perca da
mulher que ele amava, ele não fazia nada mais que beber e participar de orgias,
e ficou a cargo de Amelia cuidar de toda a família, incluindo suas irmãs mais
novas e que precisavam desesperadamente de provimentos que ele não podia
fornecer. Mas foi numa tentativa de resgatar seu irmão Leo, que ela conheceu o
belo e charmoso, Cam. Resistente a forte atração que sentiu por ele, ela
jamais imaginou que sua vida mudaria para sempre graças às fortes mãos do
destino.
Cam Rohan era um cigano vivendo longe de sua tribo e isso significava
que ele sofria fortes preconceitos por parte da sociedade londrina que
acreditava que eles eram seres inferiores por causa das suas tradições e cor da
pele. Não que Cam se importasse com isso, afinal, sendo um importante gerente
de um clube para cavalheiros e um investidor que possuía uma praga de boa
sorte, por mais que ele resistisse, o dinheiro escorria para os seus bolsos de
forma incontrolável e isso fazia com que as pessoas fossem forçadas a respeitá-lo
de alguma forma. Mas toda essa vida entre aqueles que ele considera como seus
díspares, o deixa deprimido. Ele queria desesperadamente encontrar os vínculos
com o seu lado cigano e viver de maneira simples, porém tudo muda quando ele
conhece a irritante e bela, Amelia. Uma mulher capaz de mudar a maneira com a
qual ele enxergava a definição de lar.
Eu nunca tinha lido nada da autora Lisa Kleypas e por estar acostumada
com a escrita de autoras como Julia Quinn e Judith McNaught, senti certa
dificuldade em me adaptar com a maneira dela narrar as suas histórias. Mas não
foi nada que me desestimulasse a prosseguir com a leitura, já que além da
estranheza inicial, eu estava sentindo muita, muita curiosidade em saber como a
autora faria para abordar as tradições ciganas em um protagonista masculino
como o Cam. O que se revelou ser um ponto muito interessante, pois eu que sou
uma total leiga com relação a cultura dos ciganos, quis saber cada vez mais sobre o assunto com
os pequenos detalhes que a autora foi soltando durante o decorrer da narrativa.
Ainda mais por ser esse lado da descendência que mais dominava o Cam Rohan.
E olha, Lisa me surpreendeu muito com a abordagem que fez dele, já que
ao invés de explorar a melancolia de alguém que vive em conflito diante de sua
existência contrária ao que acredita, ela fez dele alguém que possuía leveza de
espírito, humor, perspicácia e muito charme. Esse jeito dele se tornou ainda
mais interessante porque a Amelia é o total oposto disso e as coisas se
transformam em um jogo de diversão rapidamente. É impossível não torcer pelo
casal que entre tropeços, situações constrangedoras (e hilárias) e alguns
beijos roubados, vão descobrindo o poder do verdadeiro amor. No entanto, devo
dizer que achei que a autora tirou um pouco o foco do casal e mergulhou excessivamente
nos personagens secundários. Isso não seria tão ruim se eles não tivessem suas
próprias histórias para contar em livros futuros e se a autora tivesse
equilibrado melhor as coisas. Mas com a desproporcionalidade que ela impôs no
desenrolar do enredo me deixou com a sensação de que faltava algo mais.
Estando em alerta por causa desse ponto, acabei notando certos excessos
da autora ao lançar certas perguntas e situações para efeito de dramatização
que acabavam num “beco sem saída”, já que ela não explorava o caso e lançava
mais para frente uma conclusão deixando um furo perceptível no enredo. Por isso,
por mais que a leitura tenha sido divertida e o casal tivesse uma evidente
paixão, o livro não foi o que eu esperava e deixou a desejar se comparado a
outros livros do gênero. Entretanto, ele teve um importante papel para me fazer
pensar no cigano Merripen e em sua história, tanto que logo em seguida engatei
a leitura de “Sedução ao Amanhecer” e pude enfim me sentir arrebatada pela
escrita de Lisa Kleypas. Mas isso é algo que vou falar para vocês em outro
momento, por agora, finalizo essa resenha dizendo que apesar de não ser o que
esperava “Desejo à Meia-Noite”, é um bom livro e que irá divertir aqueles que
gostam de um romance histórico recheado de cenas quentes e porque não, um bom
mistério a ser desvendado.
[...] Na matemática, era possível pegar um número finito e dividi-lo de forma infinita, com o resultado de que, embora o total permanecesse o mesmo, a magnitude de seus limites prosseguia para sempre. O infinito. Era a primeira vez que Cam vislumbrava esse conceito em uma mulher. Pág. 129
--- Isabelle Vitorino ---
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