Resenha: Belas Maldições por Neil Gaiman e Terry Pratchett

Um livro diferente de qualquer coisa que eu já tenha lido. É assim que posso definir “Belas Maldições”, pois brindado com a genialidade dos autores Neil Gaiman e Terry Pratchett, o fim do mundo nunca pareceu tão desastrosamente divertido e surreal.
Título: Belas Maldições
Autores: Neil Gaiman e Terry Pratchett
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 378
Ano: 2011
Conforme as Profecias de Agnes Nutter, o mundo vai acabar num sábado. No próximo sábado, e antes do jantar. O que é um grande problema para Crowley, o demônio mais acessível do Inferno e ex-serpente, e sua contraparte e velho amigo Aziraphale, anjo genuíno e dono de livraria em Londres. Eles gostam daqui de baixo (ou, no caso de Crowley, daqui de cima). Portanto, eles precisam encontrar e matar o Anticristo, a mais poderosa criatura do planeta. O problema é que o Anticristo é um garoto de 11 anos e, ao contrário de tudo o que você já tenha visto em algum filme, é um menino que adora seu cachorro, se importa com o meio ambiente e é o filho que qualquer pai gostaria de ter. Além, claro, de ser indestrutível. E, como se ainda não fosse o bastante, eles ainda têm de lidar com o domingo... 

Aziraphale e Crowley estão na Terra há tempo suficiente para se acostumarem ao local e esquecerem que aquele deveria ser o campo de batalha onde os dois tinham o dever de se enfrentar. Mas mais do que isso, por viverem tanto tempo tendo como companheiros de eternidade apenas um ao outro, esses estranhos seres sobrenaturais contrariaram as expectativas dos seus superiores e se tornaram tão próximos que passaram a questionar os benefícios de certas coisas grandiosas, como, por exemplo, o Armagedom. Eles sabem que não possuem os poderes necessários para interferir em uma profecia divina tão antiga, mas quando o grande anúncio é feito e as engrenagens são postas em funcionamento, anjo e demônio esquecem suas fraquezas e se unem para colocar um ponto final naquilo que seria o fim do mundo.

Mas se por um lado, seres milenares estão trabalhando para adiar o apocalipse, por outro, os sinais de que ele irá acontecer no próximo final de semana são cada vez maiores. Anathema que o diga, descendente da poderosa e nada conhecida, profetisa Agnes Nutter, ela teve que lidar desde pequena com os enigmas deixados por sua parente sobre o que iria acontecer não só a com sua família, como também, com o mundo inteiro. No começo não foi fácil entender o que a bruxa queria dizer, mas agora além de entender, ela passou a aguardar o cumprimento dessas profecias. Ela só não sabia que um dos principais motivos para ela ter que esperar algo, estivesse há poucos quilômetros de distância da sua casa, na forma de um garoto que sonhava com cowboys e alienígenas.

A mente de Neil Gaiman é tão peculiar, que é impossível ler um livro dele e não reconhecer de imediato a sua essência, seja na escrita, seja na criatividade com a qual a história foi concebida. Com “Belas Maldições” não foi diferente, já que a parceria que foi estabelecida entre ele e o autor Terry Pratchett, só tornou tudo ainda mais nosense e divertido. Eu, que nunca imaginei rir de uma história apocalíptica, me vi dando verdadeiras gargalhadas com o texto dos autores que conseguia superar página após página, a própria surrealidade do tema ao mesclar gêneros, personagens e características. A verdade é que os autores fizeram uma salada de frutas tão grande (e gostosa), que por mais que certas coisas soem absurdas, no final de cada capítulo o leitor está ansioso por mais.

Com uma estrutura bem diferente, o livro é dividido por partes que são correspondentes a dias, onde dentro deles estão distribuídos os capítulos. Narrado em terceira pessoa, os capítulos possuem pontos de vista diferentes e contam com o auxílio de notas produzidas por um narrador onisciente que tem como principal foco, a sua mais completa diversão. O que não quer dizer, é claro, que os autores não tenham abordado temas mais sérios, porque apesar de toda narrativa descontraída, Neil e Terry aproveitam o alicerce fornecido pela temática do Armagedom para trazer à tona assuntos polêmicos como as guerras sem sentido que ocorrem mundo a fora, a poluição que se tornou algo quase inerente à vida na Terra dada a quantidade de lixo produzido pela humanidade, a busca por uma perfeição que existe apenas na mente de alguns, entre outros pensamentos que necessitam sim de um reflexão maior.

Pode ser que para algumas pessoas esse ponto do livro não seja tão bacana quanto outros, mas para mim não só foi bom de ser lido, como também, foi esclarecedor. O único problema que tive com “Belas Maldições” foi a falta de empatia que tive com o núcleo protagonizado pelo anti-cristo. Eu imaginei que fosse gostar mais dele, mas ter que acompanhar um grupo de crianças tendo conversas extremamente sem sentido por um longo tempo, tornou o texto um pouco cansativo. No entanto, não foi nada que eu não pudesse contornar, afinal, em um livro onde os correios fazem a entrega de instrumentos de vital importância para o apocalipse, o leitor pode esperar de tudo e mais um pouco. Só basta ele ter a mente aberta o suficiente para enxergar na história, muito mais do que aquilo que o texto diz inicialmente.

Sabe, não basta saber o que o futuro é. É preciso saber o que ele significa. Pág. 202

Playlist:


--- Isabelle Vitorino ---

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