Mês Temático: Horror


Quando penso no mês de outubro, meu primeiro pensamento é "Halloween". Mas se no ano anterior, a minha ideia era um pouco vaga a respeito dessa data comemorativa – o que me fez trazer para vocês um mix de gêneros que compôs as leituras que eu considerei apropriadas para uma data tão marcante –, esse ano eu tinha algo mais específico em mente: eu tinha o desejo de tornar o horror no grande protagonista do blog na terceira edição do "Mês Temático". Sei que muitos de vocês podem não se sentir atraídos para mergulhar em histórias que foram escritas justamente para provocar o psicológico dos seus leitores, mas espero que vocês estejam prontos para retirar as vendas que lhe impedem de ver o sobrenatural e me acompanhem nessa jornada que se inicia com uma breve passagem na história do horror na literatura...

Horace Walpole
As origens do horror na literatura remota o século XVIII em uma época onde em meio a enredos focados no realismo, o sobrenatural foi timidamente inserido. Tendo como precursor do gênero, o livro "O Castelo de Otranto" do autor Horace Walpole, a história foi publicada em 1764 e narrava a jornada de um homem ambicioso que através de meios escusos forçou a sua sobrinha a se casar com ele para que assim ele pudesse se apropriar do castelo pertencente a sua família, mas que acaba se vendo refém de forças sobrenaturais que passam a agir no intuito de impedi-lo de conseguir aquilo que desejava. Como era de se esperar, o livro causou um verdadeiro alvoroço na sociedade da época. Mas ao mesmo tempo em que as pessoas o enxergavam como uma obra de mau gosto, outras pessoas viram ali algo inovador e inspirador.

Ann Radcliffe
A partir dessa publicação, outras várias do seguimento passaram a surgir e vários autores de terror começaram a aparecer. Entre eles, pode-se citar a autora Ann Radcliffe, que não só foi a primeira mulher a escrever sobre histórias de horror gótico, como também, a conseguir o incrível feito de obter destaque em uma profissão predominantemente masculina. Tida até hoje como uma importante autora britânica, pouco se sabe ao seu respeito, o que é fato conhecido é que ela acabou abandonando a carreira como escritora por causa dos inconvenientes causados ao seu marido pelo grande falatório ao seu respeito. Infelizmente no Brasil nenhuma editora a publicou, restando apenas aos leitores brasileiros a opção de procurar suas obras em outros idiomas.

Mary Shelley
Mas quando se fala em século XIX, muitos são os autores que conseguiram se consagrar através de suas obras nesse gênero, já que foi nesse século que Mary Shelley publicou "Frankenstein", Edgar Allan Poe escreveu seus trabalhos e o Bram Stoker lançou o seu "Drácula". Todas, histórias que além de terem sido imortalizadas através das páginas dos livros, foram perpetuadas nos cinemas com várias adaptações e releituras no transcorrer dos anos. No entanto, foi apenas com a chegada do século XX que o gênero passou a se tornar mais popular, pois com a chegada de revistas periódicas de pequeno custo, vários autores se animaram com a ideia de publicar algum trabalho seu. Um grande autor que iniciou a publicação de seus escritos nessa formato, foi o H. P. Lovecraft através da revista Weird Tales (revista que também publicou trabalhos de Robert Bloch, autor de "Psicose").

H. P. Lovecraft
Um primeiro passo essencial para o então jovem que se tornou um dos maiores nomes do horror na literatura, contribuindo até hoje para a evolução do gênero através do seu conceito de Cosmicismo. Suas obras marcadas por um profundo descontentamento com as crenças existentes, também exala um cinismo de quem tem sua própria maneira de encarar a vida. Mas se engana quem pensa que ele deixou apenas monstros e entidades malignas para trás através de seus livros, pois foi em seu ensaio "O Horror na Literatura Sobrenatural" que ele discorreu longamente sob o seu ponto de vista do gênero e ainda dedicou uma atenção especial para falar de Edgar Allan Poe, um autor que ele era assumidamente admirador.

Stephen King
Pode-se dizer que foi assim que o horror começou a se solidificar na literatura e transpor as barreiras do preconceito e descrédito enfrentados quando os primeiros escritos do gênero começaram a ser publicados. Em um cenário muito mais favorável a aceitar as verdades fantásticas contidas nessas histórias, os autores contemporâneos tem como desafio principal trazer para suas histórias uma nova roupagem para medos e anseios da alma humana que há muito são conhecidos. Um ilustre autor do horror contemporâneo é o Stephen King, que se mantendo ativo até hoje, possui uma legião de leitores ávidos por mais trabalhos seus. Porém, mais do que o autor de "O Iluminado", os fãs do gênero ainda podem encontrar leituras de arrepiar entre as obras de Clive Barker, Peter Straub, Richard Matheson entre outras tantos autores de qualidade que permanecem até hoje no mercado literário.
A emoção mais forte e mais antiga do homem é o medo, e a espécie mais forte e mais antiga de medo é o medo do desconhecido.
- H.P. Lovecraft -

--- Isabelle Vitorino ---

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