Resenha: Seis Anos Depois por Harlan Coben
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Algumas paixões
literárias nos pegam tão de jeito que é impossível nos desvencilharmos delas. Por
mais estranho que possa parecer, o gênero policial se tornou uma dessas paixões
e eu sempre estou ansiando por ler algo novo que vai me surpreender e me fazer
reafirmar uma e outra vez a minha predileção pelo gênero. E foi com esse
pensamento que iniciei a leitura de “Seis Anos Depois”. Eu só não esperava que
fosse errar tão feio em minhas apostas...
Título: Seis
Anos Depois
Autor:
Harlan Coben
Editora:
Arqueiro
Páginas: 272
Ano: 2014
Onde comprar:
Saraiva | Submarino
Jake Fisher e Natalie Avery se conheceram no verão. Eles estavam em retiros diferentes, porém próximos um do outro. O dele era para escritores; o dela, para artistas. Eles se apaixonaram e, juntos, viveram os melhores meses de suas vidas. E foi por isso que Jake não entendeu quando Natalie decidiu romper com ele e se casar com Todd, um ex-namorado. No dia do casamento, ela pediu a Jake que os deixasse em paz e nunca mais voltasse a procurá-la. Jake tentou esconder seu coração partido dedicando-se integralmente à carreira de professor universitário e assim manteve sua promessa... durante seis anos. Ao ver o obituário de Todd, Jake não resiste e resolve se reaproximar de Natalie. No enterro, em vez de sua amada, encontra uma viúva diferente e logo descobre que o casamento de Natalie e Todd não passou de uma farsa. Agora ele está decidido a ir atrás dela, esteja onde estiver, mas não imagina os perigos que envolvem procurar uma pessoa que não quer ser encontrada.
Jake Fisher é um
professor universitário que há seis anos tem que conviver com a dor de ter sido
trocado por outro homem pela a única mulher que amou. Mantendo a promessa que
fez a ela de que não a procuraria e de que se manteria a distância, ele jamais
pensou em descumprir o que lhe disse mesmo que isso o machucasse profundamente.
Mas ao abrir um site e ver a notícia que o marido de Natalie estava morto, ele
soube de imediato que precisava fazer alguma coisa para trazer de volta para a
sua vida aquela mulher que era capaz de parar o seu mundo com apenas um
sorriso.
No entanto, ele não
esperava que alguém pudesse manter tantos segredos e que uma simples busca
resultasse na aparição de tantos problemas, mas é justamente isso o que
acontece a partir do momento em que ele inicia a sua investigação. Tendo que confrontar
verdades dolorosas e inimigos sedentos por sangue, ele passa a se questionar
sobre quem de fato era a mulher por quem se apaixonou ao mesmo tempo em que tem
que correr contra o relógio para encaixar todas as peças desse difícil
quebra-cabeça antes que seja tarde demais para salvar a si mesmo e a mulher com
a qual ele sonha poder passar toda a vida ao seu lado.
Se aventurar nas
páginas escritas por um autor aclamado –, mas desconhecido para você – é sempre
uma situação conflituosa. Você pode se apaixonar de pronto e entender o porquê
tantas pessoas cultuarem suas histórias, você pode odiar e jamais querer ler
coisa alguma assinada por aquele autor, ou você pode simplesmente ficar confuso
demais para tomar partido de qualquer um desses extremos. E por mais que seja
difícil admitir, é certo que me encaixo de modo perfeito nessa última opção. Pois
foi com ceticismo e relutância que acompanhei os desdobramentos da história de
Harlan Coben e me vi dominada por um sentimento de incerteza com relação a tudo
o que li.
Acredito que o
grande responsável por isso foi o protagonista Jake Fisher. Nunca vi alguém tão
despido de sensibilidade e racionalidade, e tão possuído pelo egoísmo. Quem já
leu a história pode até discordar de mim, mas a meu ver suas atitudes foram
realizadas mais em decorrência do sentimento de não aceitação do abandono, do
que por amor. Porque a verdade é que se ele amasse alguém de forma sincera, ele
não insistiria em colocar não só ela, como todas as pessoas que ele dizia amar,
em risco, só para ter a chance de estar mais uma vez frente a ela outra vez e
implorar para que ela o permitisse ficar.
Foi exaustivo ver
ele indo contra o bom senso só para encontrar alguém que não queria ser
encontrado. Ele não se importava com a quantidade de pessoas que sairiam mortas
pela sua imprudência desde que ele pudesse vê-la novamente nem que fosse por um
minuto. Se ao menos eu tivesse me identificado com a Natalie, eu até que
conseguiria entender mais as suas motivações, mas aparecendo apenas em
flashbacks, foi quase impossível traçar um paralelo entre a mulher idealizada
por Jake a aquela apresentada pelos demais personagens.
É claro que isso
pode ter sido uma consequência do livro ter sido escrito em primeira pessoa,
mas isso só me faz lembrar outro ponto que me decepcionou: a investigação
policial. Não sei se isso é um padrão nos livros do Coben, mas eu esperava um
pouco mais de esmero na hora de apresentar os agentes da lei. Pois seguindo um
estereotipo de caracterização já conhecido de outras tramas, ele podia ao menos
ter feito com que eles tivessem alguma importância na trama como um tudo e não
apenas um recurso para dramatizar ainda mais a história.
Em suma, após ler “Seis
Anos Depois” tive muitos acessos de incredulidade com relação a tudo o que o
autor apresentou. A única coisa que me fez perseverar com a leitura foi a
habilidade incrível que o Coben tem de envolver o leitor na sua escrita por
mais que a história esteja longe de ser o ideal. Esse contraponto foi o
principal fator que me fez decidir ler outro livro do autor antes de me decidir
definitivamente se ele vai entrar ou não para o rol de autores do gênero
policial cujos livros me fazem ansiar por outro, outro e mais outro.
[...] o desespero consegue mexer conosco e, se damos a ele algum espaço, respostas alternativas começam a surgir. Pág. 09
Playslist:
--- Isabelle Vitorino ---
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