Resenha Especial: Um Estudo em Vermelho por Arthur Conan Doyle

Dando sequência ao mês temático, hoje venho falar para vocês um pouco mais sobre o livro que abre a coleção de romances protagonizados por Sherlock Holmes: Um Estudo em Vermelho. Espero que gostem!

Título: Um Estudo em Vermelho
Série: Sherlock Holmes #1
Autor: Arthur Conan Doyle
Editora: Zahar
Páginas: 230
Ano: 2010
Onde comprar: Saraiva | Submarino
O cadáver de um homem, nenhuma razão para o crime. É a primeira investigação de Sherlock Holmes, que fareja o assassino como um “cão de caça”. Lamentava-se de que “não há mais crimes nem criminosos nos nossos dias”, quando, nesse instante, recebe uma carta a pedir a sua ajuda — o cadáver de um homem foi encontrado numa casa desabitada, mas não há qualquer indício de roubo ou da natureza da morte. Sherlock Holmes não resiste ao apelo, mas sabe que o mérito irá sempre para a Polícia.

Dr. Watson acaba de voltar da guerra com o corpo convalescido e sem muitas expectativas do que vai fazer em Londres a partir de então. Com dinheiro suficiente para se sustentar por um tempo, mas não tanto para esbanjar, logo ele percebe que viver de maneira desordenada o levará a falência e passa a procurar uma maneira de controlar a situação. Por casualidade, ele encontra um amigo da época de faculdade e uma solução parece surgir através do nome de Sherlock Holmes. Sabendo desde o princípio que além de estranho, Holmes era um homem de hábitos e gostos peculiares, ele ainda assim se surpreende com a experiência inusitada que morar com ele acaba se revelando.

Observando-o dia após dia, Watson passa a ser movido pelo desejo de entender como a mente de Holmes funcionava e como ele aplicava as suas descobertas científicas em um caso prático. É assim que quando o corpo de um homem é descoberto e circunstâncias misteriosas parecem paralisar os demais investigadores que Sherlock entra em cena e convida o doutor a observar a maneira que ele emprega seus conhecimentos. Com o decorrer do tempo cada minuto ao lado do detetive se prova tão interessante que aos poucos Watson vai enxergando além da arrogância de Holmes e passa a admirar a inteligência desse homem possuidor de uma incrível percepção.

Narrado em primeira pessoa, engana-se quem pensa que o narrador de “Um Estudo em Vermelho” é o Sherlock Holmes. Pois apesar de ser dele o nome que intitula a série, é o Dr. Watson quem nos guia e nos dá um vislumbre da mente do detetive através das suas reminiscências durante boa parte do livro. No entanto, por ser divido em duas partes, muitas surpresas são reservadas para o leitor. Algumas certamente surpreenderão de forma positiva, outras nem tanto. Principalmente para quem está acostumado com o gênero policial, já que diferente do formato que vemos atualmente onde o autor explora em conjunto a investigação e a mente do assassino, Doyle fez isso de modo paralelo – deixando para o leitor a tarefa de se adaptar a sua narrativa.

Apesar de ter sentindo certeza estranheza a princípio, confesso que aos poucos fui me envolvendo com o estilo de construção do autor e logo me vi tentando empregar a minha mente tal como o Sherlock fazia para tentar participar da investigação de alguma forma. Infelizmente, meu intento não me levou a lugar algum, já que além de eu não ter conseguindo fazer a ponte de ligação correta de uma pista sequer, as motivações por trás do crime eram muito mais profundas do que eu imaginei que seriam. Sobre este último ponto, acredito que ele foi o grande responsável por tornar a segunda parte da história mais fascinante para mim. Pois nela eu não só me vi inserida em um mundo onde fé e fanatismo se confundiam, como também, fui levada a repensar a minha reposta para a seguinte questão: há uma justificativa aceitável para se matar alguém?

Mostrando que até as crenças do leitor ele podia influenciar, o autor também apostou em uma forte caracterização dos seus personagens de modo que eles parecem ganhar vida e saltar as páginas a cada página lida. Sherlock Holmes, por exemplo, tem como um traço muito forte de sua personalidade a sinceridade elevada ao extremo, pois do mesmo modo em que ele não tem vergonha de se autoelogiar e reconhecer seus pontos fortes, ele usa essa recíproca com todos que encontram causando certo espanto com o seu poder perceptivo. O próprio Dr. Watson reconhece essas características de seu companheiro e se irrita em alguns momentos com isso por achar que o detetive é só alguém arrogante e que se autoestima demais. Essa impressão é tão forte, que foi necessário ele ver Holmes trabalhando para entender que sim, mesmo sendo um tanto egocêntrico, ele era absolutamente brilhante.

Ao final de tudo, eu fiquei tão rendida a experiência inovadora que Doyle me proporcionou que relevei o breve caso de ódio que tive com Holmes e reconheci que mesmo beirando o surrealismo, a história era rica, instigante e diferente de tudo que eu já tinha visto até então. E como originalidade sempre foi um dos pontos que eu sempre apreciei em minhas leituras, eu não tive alternativa a não ser admitir que todas as circunstâncias extraordinárias que o autor submeteu o livro apenas foram razões a mais que ele deu para o leitor admirá-lo e reconhecer a sua genialidade.

O que fazemos neste mundo não importa. [...] A questão é o que levamos as pessoas a acreditar que fizemos. Pág. 202

Playlist:


--- Isabelle Vitorino ---

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