Resenha Especial: O Signo dos Quatro por Arthur Conan Doyle

A cada livro que eu leio do Sir Arthur Conan Doyle tenho a sensação de que o próximo conterá uma surpresa ainda maior do que aquela que eu descobri no anterior. É um ciclo aparentemente infinito que me mantém em um estado constante de curiosidade. Tanto, que hoje vou falar de “O Signo dos Quatro”, mas mal posso esperar para saber o que “O Cão dos Baskerville” me reserva...

Título: O Signo dos Quatro
Série: Sherlock Holmes #2
Autor: Arthur Conan Doyle
Editora: Zahar
Páginas: 200
Ano: 2010
Onde comprar: Saraiva | Submarino
Nesse livro, o mais famoso detetive da história da literatura universal, Sherlock Holmes, tem um novo mistério para desvendar: quem matou Bartolomeu Sholto e levou o tesouro de Agra? Ao lado do dr. Watson, seu parceiro de investigação, Sherlock Holmes mais vez uma dará ao leitor uma amostra de astúcia e brilhantismo ao desvendar o caso.

Dr. Watson está preocupado com o seu amigo Sherlock mais do que nunca. O tédio parece consumi-lo e a única coisa pela qual ele mostra alguma inclinação é para o seu vício em cocaína que o deixa em um estado de finita calmaria. Os dias passam tão lentamente que a simples menção a um mistério dá um novo ânimo a dupla que se mostra bem disposta a ouvir o estranho relato de Miss Morstan que está às voltas com o que ela considera um problema difícil de ser decifrado. Instigado a voltar à ativa, Sherlock passa a estudar as minúcias do caso e se mostra bem disposto a acompanhar Miss Morstan e Watson em uma pequena jornada noturna que tem como propósito descobrir um pouco mais do esquivo remetente que todos os anos envia uma pérola rara para a senhorita e que parece ter alguma ligação com o pai desaparecido da moça.

No entanto, ao chegar no ponto de encontro eles são levados até a presença de Mr. Thaddeus, um homem de feições pouco agradáveis mas que logo conta tudo o que sabe sobre o assunto que os levaram até ali. Cada vez mais animado com as possibilidades de desdobramento que o caso pode ter, Holmes se une aos seus companheiros em mais uma expedição. Contudo, diferente da recepção que Mr. Thaddeus lhes ofereceu, ao chegar na casa de Bartolomeu Sholto eles se deparam com um cenário macabro cujas explicações parecem ser todas irracionais. E é estudando cada detalhe da cena que Sherlock encontra uma pista a ser seguida, porém, sua presa é mais esperta do que ele imaginou e oferece uma sucessão de desafios para o detetive que se mantém incansável em sua busca.

Em “O Signo dos Quatro”, Arthur Conan Doyle coloca um longo hiatus desde o primeiro romance protagonizado por Dr. Watson e Sherlock Holmes. Agora, longe do anonimato que antes fornecia um pouco mais de liberdade ao detetive, Holmes tem suas histórias escritas e publicadas por Dr. Watson e precisa ter mais cuidado com a sua movimentação para não chamar algum tipo de atenção indesejada. Além disso, diferente de “Um Estudo em Vermelho”, Holmes se mostra alguém mais acessível e menos arrogante. Apesar de seu orgulho estar presente, não há nele aquela áurea um tanto pedante de quem quer se mostrar muito superior aos demais. Pelo contrário, nesse volume ele tenta a todo o momento fazer com que Dr. Watson não só entenda, como também, aplique os seus métodos para ajudá-lo a entender todas as facetas do caso.

Esse foi um ponto que me agradou bastante, já que através dele eu pude ver como a parceria de Holmes e Watson realmente é importante para a história e como as coisas podem funcionar melhor entre eles em uma relação que vai além de uma admiração intelectual. Mas certamente o que fez “O Signo dos Quatro” o melhor romance da série que eu li até agora foi o trabalho de construção e desenvolvimento do enredo, já que nele não há nenhuma divisão na história e nós somos impelidos a ler uma e outra página até entender todo o mistério que ronda os personagens. A respeito dele, posso dizer que fui surpreendida sobremaneira com a verdade que estava oculta, pois mesmo o Holmes dando algumas pistas aparentemente fáceis de serem seguidas, no final o que eu achava ser um enigma à la “Assassinatos na Rua Morgue” de Poe, se mostrou uma pegadinha bem capciosa do autor.

Além disso, Doyle ainda nos presenteou com um romance protagonizado por Dr. Watson e Miss Morstan que alcança seu apogeu com uma referência de Holmes (no original em alemão) a Goethe, onde ele diz que há material suficiente para um homem de bem e um patife em uma réplica que ele dá a Watson sobre o tema casamento. Alguns estudiosos dizem que ao contrário do que parece, ele não está falando de si mesmo, mas sim do seu amigo. Essa observação me deixou um tanto receosa com relação ao que vou encontrar em “O Cão dos Baskerville”, mas posso dizer com toda sinceridade: estou tão envolvida com o universo sherlockiano que mal posso esperar para iniciar mais uma aventura protagonizada pelo primeiro detetive consultor que se tem conhecimento na história mundial.


[...] Tão rápidos, silenciosos e furtivos eram seus movimentos, como os de um cão de caça treinado farejando uma pista, que não pude deixar de pensar que criminoso terrível ele teria sido se tivesse canalizado sua energia e sagacidade contra a lei, em vez que aplicá-las em sua defesa. Pág. 77

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