Resenha Especial: O Cão dos Baskerville por Arthur Conan Doyle

Desde que li “O Signo dos Quatro” eu estava estranhamente ansiosa com relação “O Cão dos Baskerville”. Eu não sabia a que se devia esse estado até iniciar a leitura, mas logo que comecei pude concluir que toda a minha ansiedade se justificava com uma simples explicação: o livro se tornou um favorito!

Título: O Cão dos Baskerville
Série: Sherlock Holmes #3
Autor: Arthur Conan Doyle
Editora: Zahar
Páginas: 264
Ano: 2010
Onde comprar: Saraiva | Submarino
Uma das mais famosas histórias do detetive Sherlock Holmes. A morte do rico proprietário Charles Baskerville está envolvida em um mistério que envolve uma antiga maldição de família, uma grande herança e um enorme cão fantasmagórico. Holmes e seu assistente Watson são chamados para investigar.

Dr. Watson está sendo submetido a um criterioso teste aplicado por Holmes. Com uma bengala em mãos, ele tem que descobrir o máximo de detalhes que puder do cavalheiro que esteve ali, mas que a esqueceu quando partiu após não encontrar o detetive em casa. Sem saber quais eram as intenções de seu companheiro, ele analisa da melhor forma que pode o objeto e diz o que pensa. Para seu pesar, mesmo acertando um detalhe ou outro menos importante, o principal ficara de fora e é apontado por Holmes. Para ele, é profundamente consternador cometer erros como aquele depois de anos ao lado de Sherlock dado as inúmeras chances que ele teve para observar os seus métodos, porém, a volta do Dr. Mortimer ao número 221B da Baker Street se mostra uma estupenda oportunidade dele mesmo testar suas capacidades quando um estranho caso passa a ser narrado pelo visitante.

Ao que se sabe, Charles, o proprietário do Solar dos Baskerville e paciente do doutor Mortimer, morreu do coração durante um passeio noturno na charneca que há muito pertence a sua família. Quem não conhece a região, logo pode pensar que a morte não tem nada de misteriosa e é apenas uma morte natural de alguém com idade um tanto avançada e de um coração fraco. No entanto, para os habitantes de Devonshire a morte do pobre homem tinha tudo a ver com a maldição que persegue os Baskerville desde que um dos precursores da família cometeu um ato hediondo com uma moça inocente. Segundo a lenda, após uma terrível invocação um cão negro demoníaco persegue e mata cada um dos Baskerville e essa era provavelmente mais uma de suas mortes. Acreditando nessa estranha lenda, o doutor vai em busca de Sherlock Holmes e o pede ajuda para não só solucionar o caso de Charles, como também, para proteger o novo herdeiro do Solar que em breve tornará o lugar amaldiçoado em seu mais novo lar.

Arthur Conan Doyle recebe o leitor em “O Cão dos Baskerville” com uma narrativa notoriamente diferente dos demais livros da série de romances protagonizados por Sherlock Holmes. Nele, as ambientações lúgubres e as descrições um tanto funestas, transformam o enredo em um protótipo perfeito de história de terror com fundamentos góticos. Embasado em lendas sobre cães infernais e almas com sede de vingança, vemos também o Dr. Watson ser colocado na posição de investigador e não só de narrador. Apesar de ter sido pega de surpresa com a responsabilidade que Holmes transferiu para o seu pupilo, já em “O Signo dos Quatro” era possível notar que uma hora ou outra o autor iria enveredar por este caminho. Com essa mudança, não só pude perceber o crescimento de Watson, como também, pude ver a falta que os comentários venenosos e a presença sempre impactante de Holmes faz.

Entretanto, apesar dessa importante ausência, a trama criada por Doyle me fisgou de tal maneira que apenas quando as explicações de Watson não me satisfaziam era que eu queria que Holmes estivesse por perto. Acredito que isso ocorreu porque desde o princípio eu não sabia no que acreditar. Seria a morte de Charles Baskerville causada por um ser sobrenatural? Ou seria ela um macabro homicídio? E para ser bem sincera, a minha mente foi tão nublada com a perspectiva de que algo do além realmente estivesse agindo na vida dos personagens que eu deixei pistas – que se mostraram extremamente importantes para entender o caso – passarem despercebidas (o que foi uma atitude completamente anti sherlockiana, admito). 

A questão é que assim como Watson sentia que uma teia fina, mas forte, estava alcançando-o e se estreitando em seu entorno, eu também a senti em mim diante de cada ponto escuro que o autor lançava luz, mas que eu não conseguia enxergar qual era a verdade com plenitude. Pois mais do que um jogo de gato e rato, Doyle apresenta em “O Cão dos Baskerville” um autêntico jogo de intelectos, onde só poderia existir um vencedor e era justamente esse vencedor o grande responsável por fazer o leitor compreender todas as facetas desse estranho caso. Sobre esse último ponto, não posso falar muito. Mas desde já aviso aos que forem se aventurar por entre as páginas desse livro que fiquem atentos a tudo, pois a linha que Doyle traça nessa história é a mais tênue que não só eu, como também o próprio Holmes já viu.

Há em você uma deliciosa bisonhice, que torna um prazer exercer quaisquer pequenos poderes que eu possua à sua custa. Pág. 45

Playlist:


--- Isabelle Vitorino ---

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