Resenha Especial: Lady Susan por Jane Austen

Dando continuidade as resenhas das histórias que acompanham a edição do livro “Persuasão” lançado pela editora Zahar aqui no Brasil. Hoje eu venho falar um pouco mais sobre a novela “Lady Susan”. Espero que vocês curtam essa resenha e que se interessem por ler essa história, pois essa é sem sombra de dúvidas uma das melhores obras escritas por Jane Austen.

Título: Lady Susan
Autor (a): Jane Austen
Editora: Zahar
Páginas: 360 (273 a 338)
Ano: 2012
Onde comprar: Saraiva | Submarino
Bonita, coquete, e viúva há pouco tempo, Lady Susan Vernon busca um novo e vantajoso matrimônio para si, e ao mesmo tempo tenta empurrar sua filha para um casamento sendo que ela detesta este homem. Ela enche sua agenda de compromissos com convites para visitas estendidas com os parentes e conhecidos por uma série de manobras astuciosas, de modo a alcançar de seu plano principal. Conforme o enredo se desdobra, os personagens são revelado e a expectativa se constrói - tudo por cartas trocadas entre Lady Susan, sua família, amigos, e inimigos. Descrito por seus rivais como a "uma grande coquete da Inglaterra", amplamente dotada de uma cativante "decepção", Susan prova ser uma figura notável, destituída de qualquer qualidade redentora cujas intrigas e maquinações a conduzem em última instância a resultados desastrosos.


Lady Susan é uma mulher extremamente bela e charmosa, cujo engenho rápido sempre lhe garantiu um grande poder de manipulação. Viúva há poucos meses, ela se entregou aos prazeres da vida que sua condição social lhe proporcionava ao mesmo tempo em que tentava encontrar um marido rico para sua odiosa filha. Contudo, com o risco de se envolver em um escândalo, ela pede abrigo ao seu irmão e parte para uma temporada na cidade de Churchill. Prevendo meses tediosos pela frente, ela não se cansa de se corresponder com sua amiga, a Sra. Johnson, através de cartas para saber todas as novidades de Londres enquanto passa um período descansando a sua imagem.

No entanto, as coisas não saem como ela prevê e a esposa do seu irmão (a quem ela sempre desprezou), não se mostra nenhum pouco influenciável pelo seu trato amável e sempre se mostra arredia a suas tentativas de aproximação. Por causa disso, ela imaginava que em algum momento teria de partir antes do previsto, mas com a chegada de Charles de Courcy na residência, ela ganhou um importante aliado, pois ele não só era o irmão da sua cunhada, como também, um herdeiro rico que caiu completamente nas amarras da persuasão lançadas por ela. Tendo um tolo apaixonado aos seus pés, ela passa a brincar seriamente com a paciência da Sra. Vernon que já não suporta ver o seu irmão enganado por tal mulher. Contudo, com a tentativa de fuga da escola para damas por parte de sua filha Frederica, Lady Susan vê seus planos cuidadosamente planejados à mercê de forças que ela não podia controlar completamente.

Escrito de forma epistolar e sem nunca ter sido submetido a publicação pela autora, a novela “Lady Susan” traz um novo olhar de Jane Austen para os seus escritos. Com uma história muito peculiar, desde o início o leitor pode observar que o que diferencia essa obra das demais da autora vai muito além da maneira como ela foi escrita, pois é no que diz respeito a protagonista dessa trama que somos surpreendidos já nas primeiras páginas. Afinal, a autora não só construiu uma personagem aparentemente isenta de virtudes, como também, fez dela um ensaio para a criação de suas personagens mais cômicas. Quem se lembra de Lydia Bennet e seu jeito frívolo e coquete em “Orgulho e Preconceito”, e da Mary Musgrove e seu jeito teatral de agir para receber atenção em “Persuasão”, certamente conseguirá vislumbrar melhor a personalidade de Lady Susan.

Mas antes de me aprofundar nas características dessa personagem tenho que dizer que diferente do que aconteceu comigo durante a leitura de “Persuasão”, por todo o tempo em que estive lendo as cartas que compõe essa história senti as mais variadas emoções. Dentre elas, a que mais se sobressaiu foi o ódio. Sinceramente, nunca imaginei que fosse detestar tanto uma personagem como detestei Lady Susan, mas a Jane Austen conseguiu essa proeza. A maneira como ela manipulava, mentia e ainda tinha a sorte de se safar, me levou ao extremo e eu só torcia para que em algum momento a farsa dela viesse à tona. Principalmente porque eu queria que Frederica tivesse um pouco de sossego, já que mesmo sem obter muito destaque na trama, os infortúnios que ela sofre por causa dessa mãe desnaturada só poderiam ser aturados por uma santa e não por uma reles mortal que encontrou na mãe a pior inimiga que alguém poderia ter.

A minha simpatia por a garota foi tanta, que foi com certo alívio que observei o carinho com que a Sra. Vernon tomou ela sob os seus cuidados. Embora, eu ainda tenha minhas dúvidas se isso ocorreu por causa de um afeto genuíno ou se ela só queria irritar de alguma forma a mulher que tornou o seu irmão um patife de primeira linha. E é observando esses detalhes, dúvidas e fortes sentimentos que a autora construiu durante “Lady Susan”, que eu sinto um grande pesar por essa obra não ser tão conhecida quanto as demais. Sinceramente, apesar de curta, essa novela entrou para o rol das minhas histórias prediletas, já que a trama além de ser uma delícia de ser acompanhada por tratar dos joguetes sociais em suas mais variadas formas, ela também envolve o leitor por tratar dos sentimentos e emoções de modo muito verdadeiro – apesar do comum exagero da época. Por certo, uma obra que não deve ficar de fora da lista de nenhum leitor que gosta de histórias com qualidade e que eu jamais me perdoaria se não a indicasse com veemência: leiam já!

Imperdoáveis são as mulheres que se esquecem daquilo que devem a si mesmas e à opinião do mundo. Pág. 297

--- Isabelle Vitorino ---

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