Resenha: Almanova por Jodi Meadows

Jodi Meadows é o tipo de autora que encanta e surpreende o leitor do início ao fim com sua narrativa. Com uma habilidade inacreditável de encontrar o tom certo para contar a sua história, ela com certeza me deixou ansiando por mais após o término da leitura de Almanova. E se você está curioso para saber um pouco mais da trilogia Incarnate, vem comigo!

Título: Almanova
Série: Incarnate
Autor (a): Jodi Meadows
Editora: Valentina
Páginas: 288
Ano: 2013
Onde comprar: Saraiva | Submarino
ALMANOVA Ana é nova. Por milhares de anos, no Range, milhões de almas vêm reencarnando, num ciclo infinito, para preservar memórias e experiências de vidas passadas. Entretanto, quando Ana nasceu, outra alma simplesmente desapareceu... e ninguém sabe por quê. SEM-ALMA A própria mãe de Ana pensa que a filha é uma sem-alma, um aviso de que o pior está a caminho, por isso decidiu afastá-la da sociedade. Para fugir deste terrível isolamento e descobrir se ela mesma reencarnará, Ana viaja para a cidade de Heart, mas os cidadãos de lá temem sua presença. Então, quando dragões e sílfides resolvem atacar a cidade, a culpa deverá recair sobre... HEART Sam acredita que a alma nova de Ana é boa e valiosa. Ele, então, decide defendê-la, e um sentimento parece que vai explodir. Mas será que poderá amar alguém que viverá apenas uma vez? E será também que os inimigos – humanos ou nem tanto -- de Ana os deixarão viver essa paixão em paz? Ana precisa desvendar grandes segredos: O que provocou tal erro? Por que ela recebeu a alma de outra pessoa? Poderá essa busca abalar a paz em Heart e acabar por destruir a certeza da reencarnação para todos?

Ana sempre soube que era diferente. Sua mãe Li jamais a deixou esquecer a sua condição e insistia em chamá-la de sem-alma pelo simples fato dela ser nova em um mundo povoado por almas antigas e que sempre se conheceram. Para ela, Ana era um castigo, um sinal de que algo ruim estava por vir e que por isso todos deveriam evitá-la. Por causa do ódio que sua mãe nutria por ela, Ana passou toda a sua vida sendo maltratada física e psicologicamente, mas ela estava disposta a mudar isso e toma a decisão de ir embora em busca de respostas que justificassem o seu nascimento. Contudo, as coisas lá fora eram piores do que ela poderia imaginar e ela acaba sendo atacada por sílfides na floresta. Em uma tentativa desesperada de evitar uma morte dolorosa, ela toma uma decisão que também poderia matá-la se ao longe não tivesse alguém observando-a.

Sendo salva por Sam, Ana não pode acreditar que ainda está viva, nem que alguém possa ter feito algo realmente bom por ela sabendo da sua condição de almanova. Desconfiada das verdadeiras intenções do seu salvador e com medo de que alguém como Li se aproximasse dela novamente, ela tenta de todas as formas se desfazer da companhia indesejada do garoto. Entretanto, ela não tem sucesso em sua empreitada e aos poucos vai baixando à guarda e permitindo que Sam se aproxime dela. Percebendo que ele não deseja lhe fazer nenhum mal e que tão pouco a odeia, ela vai confiando cada vez mais nele e aceita a ajuda que ele oferece para guiá-la até Heart, a cidade onde todas as respostas se encontram e o lugar onde ela nasceu. Ela só não imaginava que quando chegasse até o seu destino as coisas se complicassem tanto e que ela se visse presa a Sam por tempo indeterminado ao mesmo tempo em que tem que lidar com uma cidade inteira de pessoas hostis e que querem vê-la bem longe do lugar que eles consideram o seu lar.

“Um livro que parece simples, mas que na verdade tem mais para dizer do que é possível encontrar se não o lermos com atenção”. Foi isso que senti durante as horas em que passei lendo ‘Almanova’. As razões que me levaram a pensar assim podem ser encontradas por toda parte, já que Jodi Meadows tornou o seu livro em uma obra encantadora e que por prezar pela delicadeza e fluidez impulsiona o leitor a ler uma e outra página sem sequer notar. São tantas revelações e pistas a seguir que a autora nos fornece, que o enredo avança na medida em que a nossa curiosidade aumenta. Muito disso se deve ao fato dela explorar de modo total a mitologia que ela propôs para a sua série. Nela, vemos desde aspectos religiosos e que exercem grande influência em seus personagens a inserção de criaturas mitológicas que num primeiro momento podem parecer ser os grandes vilões da história, mas que se observados com atenção, não são nada mais que os inimigos externos de Range.

Algo bastante interessante que também podemos observar no enredo, é a maneira em que as inovações da nossa tecnologia são transformadas em inventos criados pelos personagens de modo que todos aparecem na história com uma nova roupagem que deixa o leitor impressionado com a autora por ela não ter optado pelo caminho mais fácil e ter inovado na hora de apresentar-nos coisas que nos são tão rotineiras. Entretanto, o que nos faz refletir desde o primeiro momento em que é citada é a imortalidade. Pois é trazendo um quê de ensinamentos espíritas, que vemos a autora explorar ao máximo questões como: "O que fazer com a imortalidade?" "É possível amar a alma de alguém e não o seu corpo, apenas?" "Se tivéssemos todo o tempo do mundo, será que aproveitaríamos as pequenas coisas do dia a dia?" Confesso que esse aspecto da construção de sua história foi o que mais me impressionou, principalmente, porque a autora fez com o que o dilema dos seus personagens refletissem nos seus leitores de modo que vai além de um impacto superficial.

Ana, por exemplo, já nas primeiras páginas do livro embarca em uma jornada em busca de respostas para essas e outras perguntas. Ela deseja entender o seu nascimento e a sua função na sociedade de forma tão profunda, que é incrível poder ver as coisas acontecerem através dos seus olhos. Ainda mais, porque é notório o quanto ela necessita entender tudo o que a tornou em uma almanova para poder viver plenamente. Em contrapartida, seus anseios também levam Sam – uma alma milenar –, a se questionar sobre os preceitos da sua comunidade, bem como, a maneira como ele conduz a sua vida. Essa influência que ela exerce nele, complementa com perfeição o modo com que ele mostra para ela sentimentos que até então ela não conhecia, tais como: segurança, companheirismo, amizade e amor. 

Vendo a mudança gradual que Ana sofre ao lado de Sam, foi impossível não sentir ódio por Li. Principalmente, porque chega a ser difícil entender como uma mãe é capaz de tratar um filho como uma criatura selvagem. A única coisa que fez com que meus sentimentos por ela não fossem ainda piores, é que ao menos Ana conseguiu encontrar pessoas que a apreciam e que não a culpam por algo que ela não teve nenhuma influência: o seu nascimento. Ademais, como essa é uma história que também trata de amor em suas mais variadas formas, a autora também traz um romance para a vida de Ana. Entretanto, ele é tratado de forma tão delicada, tão verossímil, que em nenhum momento sentimos que foi um casal criado para suprir qualquer necessidade do enredo. Pelo contrário, a sensação que é transmitida é que esse era o curso natural das coisas. 

Com um livro escrito de forma tão brilhante e concisa como ‘Almanova’, não é de se surpreender que a edição da Editora Valentina seja tão impecável. Pois é com uma capa holográfica de encher os olhos, uma diagramação maravilhosa e uma revisão impecável, que o leitor não vê saída a não ser eleger este, como sendo um dos livros mais lindos de sua estante. Por fim, se por acaso a minha resenha deixou alguma dúvida sobre a necessidade de ler esse livro, eu vos afirmo aqui embaixo: LEIAM! LEIAM! LEIAM!

[...] você faz com que eu sinta dor em lugares que nem são físicos. Pág. 216

Playlist:


P.S. Me perdoem pela falta de postagens na semana passada. Estive tão atarefada que não tive tempo para me dedicar o blog como eu gostaria.

--- Isabelle Vitorino ---

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