Resenha: Pão-de-Mel por Rachel Cohn

Depois de dois anos com ‘Pão-de-Mel’ na minha estante, decidi que estava na hora de eu parar de postergar e ler o livro. Eu não sabia o que esperar da história, mas posso dizer que após o término da leitura ela me surpreendeu na mesma proporção que me chateou...

Título: Pão-de-Mel
Série: Cyd Charisse #1
Autora: Rachel Cohn
Editora: Galera Record
Páginas: 226
Ano: 2008
Onde comprar: Submarino
Depois de ser expulsa do colégio interno, a selvagem, obstinada e viciada em café Cyd Charisse volta a São Francisco para viver com a mãe e o padrasto. Mas para ela, não há como sobreviver neste lar imaculado: Cyd quer ser livre, e não se importa em quebrar as regras. Mas quando sua rebeldia sai do controle, seus pais a despacham para Nova York para passar o verão com seu pai biológico, Frank. O que ela não esperava era que o verão na cidade não corresse como ela planejara - e Cyd está longe de ser o que a nova família imaginava.

Cyd Charisse não é uma garota comum em muitos sentidos. Com 16 anos de idade e um histórico de vida comprometedor, ela está de volta a San Franciso depois de passar uma temporada no colégio interno. Vivendo em guerra declarada com a sua mãe, Nancy, ela dividi seus dias entre jogar cartas com Pão-Doce – uma senhorinha que vive em uma casa de repouso na cidade – e observar seu namorado Siri surfar nas águas geladas de Ocean Beach.

Com um jeito rebelde, ela não consegue aceitar as regras que a sua mãe impõe e está sempre disposta a quebrá-las, mesmo que isso signifique ferir os sentimentos do seu pai Sid que foi quem a criou desde pequena. E é quando ela deixa as coisas fugirem do seu controle, que os seus pais – em uma atitude de desespero – a mandam para casa do seu pai biológico em New York. Animada com a possibilidade de encontrar um lugar na família de Frank, ela viaja cheia de esperanças. O que ela não sabe é que a Big Apple reserva muitas surpresas para ela e Pão-de-Mel, a sua boneca de pano.

Entre uma leitura mais densa e outra, busco sempre ler algo mais leve para descontrair. E foi em busca de uma história leve e ágil que eu comecei a ler ‘Pão-de-Mel’, contudo, a autora me surpreendeu ao apresentar uma trama que vai muito além dessas características, já que em meio a cenas divertidas Rachel Cohn aborda temas sérios que vão desde problemas familiares a traumas adquiridos em decorrência da rebeldia de Cyd. A maneira que ela fez isso me conquistou, pois ela não tentou vitimizar a personagem e mostrou que muito do que ela estava vivendo era em decorrência de sua própria rebeldia, o que tornou tudo ainda mais crível. Contudo, achei que a autora pecou ao conferir a Cyd uma personalidade dúbia que de tão contraditória parece que estamos lendo a narração de dois personagens diferentes e não de uma só.

Exemplos dessa dualidade podem ser citados através do modo com que a Cyd é uma garota doce com seus irmãos, com Pão-Doce e com o Siri, e é extremamente grosseira com sua mãe que só tenta dar a ela o melhor da vida; também pode ser visto na maneira que ela diz que ama o namorado, mas que não pode ver um garoto que fica toda excitada (incluindo o irmão do Siri). Sei que isso pode ser bem semelhante ao comportamento de uma adolescente da vida real, mas mesmo assim me incomodou, principalmente pelo estado constante em que os hormônios da garota entram em ação em pouco mais de 200 páginas.

Outro ponto que não gostei no que se refere a construção dos personagens foi o mistério todo que envolve o Siri, pois mesmo ele sendo muito importante para a protagonista as únicas coisas que sabemos a respeito dele são: ele gosta de pintar e surfa. Provavelmente isso ocorreu porque o próximo livro da série terá um grande foco nele, mas não custava nada a autora ter dado um pouco mais de voz a ele, não é? Entretanto, ela não só cometeu erros com os seus personagens, já que o Sid e o Danny realmente me cativaram. Ou seja, ‘Pão-de-Mel’ é um livro que possui erros e acertos de modo proporcional – por isso há uma grande possibilidade do leitor ficar dividido entre o amor e o ódio –, porém, a parte negativa não é tanta que o livro não seja capaz de proporcionar bons momentos no decorrer da leitura, tudo irá depender do leitor em questão e do seu estado de espírito.


Às vezes quando há muito a explicar, é mais fácil não dizer nada. Pág. 31

Playlist:


--- Isabelle Vitorino ---

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