Resenha: Clube da Insônia por Tico Santa Cruz
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Se
minha memória não falha desde sempre eu tive problemas com a insônia, por isso
acabei me tornando uma pessoa noturna, daquelas que está acordada a noite e
dormindo durante o dia. E foi em umas das minhas inúmeras madrugadas sem dormir
que eu li ‘Clube da Insônia’, um livro primorosamente escrito por Tico Santa
Cruz, o líder da banda Detonautas Roque Clube e autor do qual me tornei fã.
Autor: Tico Santa Cruz
Editora: Belas-Letras
Páginas: 104
Na noite, a fúria e a paixão se encontram. O submundo emerge às ruas, evocando gente esquecida que não tem vez nem voz e perambula pela cidade em busca de luz. A noite também é a casa da diversão sem hipocrisia, da embriaguez, da luxúria, das angústias e das reflexões de quem não consegue adormecer antes de a loucura se recolher novamente aos seus abrigos diurnos. De olhos bem abertos, o músico Tico Santa Cruz, líder da banda Detonautas Roque Clube, leva o leitor a um mergulho na escuridão para compartilhar seus medos e seu inconformismo, em textos viscerais que pulsam do início ao fim, madrugada adentro, até o sol nascer.
Durante
a madrugada todos os nossos sonhos e pesadelos mais loucos parecem cobrar vida
exigindo de nós um pouco de atenção. São nesses momentos que paramos para
pensar naquilo que somos ou que queremos ser, naquilo que nos faz seres humanos
mais felizes ou mais tristes, naquilo que nos comove ou que nos faz
indiferente. E é a partir da análise de dualidades como essas que o autor Tico
Santa Cruz traz para os seus leitores uma compilação de textos que foram
escritos nos mais variados formatos durante suas madrugadas de insônia. Em sua
essência, suas produções englobam desde acontecimentos rotineiros de sua vida e
reflexões pessoais a críticas afiadíssimas a sociedade cheia de hipocrisia, a
mídia manipuladora e aos políticos corruptos.
Dividido
em duas partes e com belíssimas ilustrações do Carlinhos Muller, no decorrer do
livro vamos notando nuances musicais em seus textos que faz a tarefa de
enxergá-lo apenas como autor quase impossível. Principalmente porque eu sou uma
fã incondicional da banda, daquelas que já foi a todos os shows que eles
fizeram na cidade e que sabe quase todas as músicas de cor. Contudo, o fato de
admirar o trabalho deles não me fez alguém parcial em sua análise do livro, já
que o Tico forneceu material suficiente para que se mostrasse um escritor
competente em expor a sua visão sobre o mundo e sobre a vida.
Confesso
que chega a ser difícil eleger o meu texto predileto de tanto que me
identifiquei com a forma de pensar dele, mas acredito que ‘Eu e ela’, ‘Sou um
pouco de mim’ e ‘Circo Fantástico’ são sérios candidatos ao posto, já que todos
eles me fizeram pensar de modo muito especial sobre aquilo que eu estava lendo.
Adoraria que ele cantasse algum dos seus textos, já que a sonoridade presente
no jogo de palavras que ele utiliza permitiria que eles se tornassem belas
canções. Ademais, acredito piamente que leitores que apreciam crônicas, contos
e poesias, irão se identificar sobremaneira com o conteúdo diversificado do ‘Clube
da Insônia’. Ainda mais porque a edição deste livro está
impecável, de modo que eu só posso parabenizar a editora pela produção
impecável do livro e recomendá-lo fervorosamente a vocês.
Acho que na outra encarnação me privaram das palavras.
Sinto tanta necessidade de falar, que às vezes acho que carrego trauma de outra vida.
[...] Não sei se tenho medo do silêncio, ou se meu espírito vagou por tantos lugares, que fica nessa ansiedade de viver a vida e mostrar coisas a quem, muitas vezes, não merece um segundo de atenção.
Não sei se sou carente de mim mesmo.
Não sei se por que, quando fui adolescente, ninguém prestou atenção em mim, hoje gasto toda a atenção que recebo.
Sinceramente, preciso me calar um pouco. Pág. 20
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