Resenha Especial: Um Conto de Natal por Charles Dickens

Resenhar clássicos da literatura sempre é muito difícil. O risco de estar falando de mais ou de menos, persegue o resenhista mesmo após a escrita da resenha. Eu sempre gostei de ler clássicos, os romances de Jane Austen sempre me encantaram e os horrores descritos por Edgar Allan Poe sempre me fascinaram, mas eu nunca me senti inteiramente preparada para falar de tais livros e confesso, ainda não sei se estou. Por isso, me perdoem os erros, percas ou excessos que eu possa ter cometido ao escrever esta resenha, mas, por favor, não deixem de ler.

Título: Um Conto de Natal
Autor: Charles Dickens
Editora: L&PM
Ano: 2011
Páginas: 60
Ebenezer Scrooge é um homem avarento e solitário. Odeia o Natal e tudo o que ele representa. Ignora familiares, empregados e não sabe o que é compaixão. Mas a aparição de um visitante-fantasma o fará repensar seu comportamento e despertará sentimentos aparentemente adormecidos. Ambientada numa Londres gelada, às vésperas do esperado 25 de dezembro, Um conto de Natal é uma das mais belas e conhecidas histórias do gênero. Escrita às pressas em 1843 para pagar as dívidas de seu autor, Charles Dickens (1812-1870), foi um sucesso imediato de público e crítica. Por meio dessa sátira social – adaptada diversas vezes ao cinema –, Dickens teve um papel fundamental no resgate do espírito de bondade e solidariedade das tradições natalinas.


Scrooge é um senhor ranzinza e avarento que leva uma vida solitária apesar de ser muito rico, tendo como parente apenas seu sobrinho, ele faz escárnio de todas as tentativas dele de se aproximar. Como se isso não bastasse, Ebenezer é mal-humorado com tudo e não se compadece com a miséria de ninguém. Seu coração não é bondoso e a arrogância e o orgulho predominam a sua personalidade. Para ele Natal nada mais é do que uma época boba, onde as pessoas estão felizes à toa e que ela não serve para nada além de gerar o consumismo desenfreado.

Imagem do Filme protagonizado por Jim Carrey
Imagem do Filme protagonizado por Jim Carrey
Contudo, após receber a visita de dois homens que pedem a sua colaboração para realizarem boas ações para os pobres onde ele se nega terminantemente a ajudar por achar que já faz demais ao pagar os impostos, a versão fantasmagórica do seu ex sócio Marley aparece para ele, mostrando as correntes que ainda lhe prendem a este mundo, Marley lhe conta sobre tudo que está enfrentando após a morte por não ter praticado o bem necessário para os outros, nesta visita, seu ex sócio também o avisa de que ele receberá a visita de três fantasmas, o fantasma do Natal Passado, do Natal Presente e do Natal Futuro. Temendo as consequências dessas visitas Scrooge pede a ajuda de seu ex sócio, mas este o alerta que apenas a mudança de atitude poderia salvá-lo de um futuro desolador como aquele que ele estava vivendo.

O que eu mais gosto de ler livros clássicos passados nos séculos XVIII e XIX é a chance de poder observar os costumes, os lugares, os comportamentos e a vida das pessoas pelos olhos de alguém que viveu muito daquilo que escreveu, vocês podem achar minha afirmação um pouco óbvia, mas na verdade ela não é tão tola assim, pois se vocês prestarem bem atenção, nos livros de escritores do século XX em diante é possível sim você ver os costumes europeus de antigamente, mas não de forma tão fiel, tão real e tão prazerosa como acontece quando você lê, por exemplo, Um Conto de Natal, uma história que se consagrou durante  os anos e que leva o leitor a observar toda a postura que alguns ricos tinham em relação a pobreza, como alguns deles exploravam as crianças ao fazê-las realizarem trabalhos infantis e principalmente, como o autor usa a sua própria experiência de vida para nos contar tudo isso.

Quando comecei a ler o livro eu já imaginava que me identificaria com a história porque já tinha assistido algumas adaptações feitas para o cinema, mas me surpreendi demais ao me deparar com as palavras utilizadas pelo Dickens, ele consegue caracterizar seus personagens tão bem que você reconhece facilmente as falas de cada um deles sem precisar se atentar para a indicação dos personagens. Além disso, ele sabe muito bem como mexer com as emoções do leitor, é impossível não odiar o Scrooge, é impossível não sentir pena dele por ser um ser humano tão mesquinho, é impossível não se sentir afrontado com a intenção do autor de nos fazer perdoá-lo mesmo após ele ter cometido tantos erros. Entretanto, há ainda personagens como Tiny Tim e o fantasma gigante do Natal Presente que encantam desde a primeira aparição e que ficam na mente do leitor muito tempo depois do término da leitura.

Charles Dickens não é lembrado até os dias de hoje por acaso, e mesmo que tenha escrito esse livro as pressas para pagar suas dívidas ele conseguiu se superar ao realizar um trabalho tocante que foi devidamente valorizado nesta versão em quadrinhos feita pela L&PM, confesso a vocês que estava com receio de ler esta versão porque eu não fazia a mínima ideia de como a editora tinha feito para colocar a essência da obra em tão poucas páginas, mas pessoal, eles conseguiram. Além de fazer uma edição caprichada com capa dura, material de qualidade e desenhos primorosos, eles ainda presentearam o leitor com algumas páginas falando sobre a vida, obra e contexto social da época de lançamento do livro.



Sem sombra de dúvidas eu indico Um Conto de Natal, não só a versão em quadrinhos, mas o romance também. Tenho certeza de que quem procura uma boa história vai adorar ler esse clássico, que mesmo com a palavra Natal escrita em seu título possui um conteúdo atemporal que deve ser lido independente da época do ano.
— Não fique tão mal-humorado tio! 
— E como eu deveria ficar? O que é o Natal além de uma data em que estamos sempre um ano mais velhos e nem um pouquinho mais ricos? Se dependesse de mim, cada imbecil que aparecesse com essa história de Feliz Natal seria preparado em uma panela junto com a ceia e enterrado com uma estaca de árvore de Natal cravada em seu coração. É assim que penso. Pág. 6


--- Isabelle Vitorino ---

7 comments

Jackson Fernandes 20 de junho de 2012 às 10:31

Ótima resenha Isabelle! Eu nunca me interessei por clássicos, mas depois desta resenha com certeza vou querer ler este livro.

Rosana Apolonio 21 de junho de 2012 às 12:19

Apesar de gostar mais de livros de livros de terror, vou ler este porque gostei muito da resenha.

Vi que você citou Edgar Allan Poe. Quando sai resenha de algum livro dele?

=D

Fellipe 7 de julho de 2012 às 00:06

Não tenho vontade de ler o livro, pois a história não me atrai para ser lida, mas acho que veria o filme, até fiquei curioso para isso!

Jadi Soares 18 de julho de 2012 às 22:15

Já tinha ouvido falar do Dickens, mas nunca li nada dele.
Mas já assisti Os Fantasmas de Scrooge, não estou completamente por fora do assunto :P
Deve ter outros filmes baseados no livro pelo visto...
bjim

Unknown 23 de julho de 2012 às 13:41

Eu ainda não tinha ouvido falar desse livro, mas com base na sua resenha achei muito bom..

Anônimo 17 de novembro de 2012 às 14:38

eu ja assisti esta historia mais so em desenho

princeiana 4 de julho de 2013 às 22:20

estou lendo o livro... e achei mtt legal essa resenha.... e recomendo o livro realmente é mt legal.. agora qria assistir ao filme

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